Governo PSD: chega maioria

Com um PS esclarecido, ao PSD bastaria uma maioria relativa, contando com apoio parlamentar para governar, sem depender da extrema-direita

As sondagens indicam uma queda da popularidade do PS e de António Costa. As audições na Assembleia da República sobre o affair TAP, com as traquinices dos responsáveis pelo Ministério das Infra-Estruturas, são um golpe de morte na imagem ética do Governo.

Se Costa e o PS sobreviveram ao inarrável José Sócrates, é de crer que resistam, embora com downsize eleitoral, às travessuras e garotices de Pedro Nuno Santos e de João Galamba, extensíveis a mais alguns protagonistas menores.

O Chega, partido populista do contra, propagando ser o detergente que limpará o regime, vai crescendo, embora o radicalismo xenófobo e o primarismo ideológico lhe limitem horizontes.

Luís Montenegro, como todos os líderes do PSD com origem fora de Lisboa, enfrenta uma comunicação social que o procura travar na caminhada de sucesso. Sabendo que o presidente do PSD será o próximo primeiro-ministro, há elites que tudo farão para o apear antes das eleições, na esperança de o substituir por alguém do eixo Lisboa-Cascais.

As sondagens começam a consolidar previsões para maioria eleitoral dos partidos à direita do PS. Neste cenário, é previsível que os mais radicais, incultos e impreparados, tomem conta do PS, recriando um frentismo de esquerda.

O BE e o PCP, pagando o compromisso da "geringonça", continuarão a definhar e dificilmente resistirão ao apelo da linha radical do PS.

O PSD será o mais votado nas próximas eleições, sejam antecipadas ou aconteçam na data legalmente prevista. Resta saber como a sabedoria dos eleitores distribuirá a maioria eleitoral, à direita do PS.

Dificilmente o PSD obterá, isolado, maioria absoluta. Conseguirá uma maioria parlamentar com a Iniciativa Liberal e um renascido CDS? Ou o Chega obtém uma votação que o torna imprescindível na criação de uma maioria parlamentar à direita do frentismo de esquerda?

Com um PS esclarecido, ao PSD bastaria uma maioria relativa, contando com apoio parlamentar para governar, sem depender da extrema-direita.

A história recente mostra que há uma tendência de radicalização esquerda/direita em muitos países. Brasil com Bolsonaro e EUA com Trump são péssimos exemplos de uma tendência de bipolarização e radicalização, que se tem desenhado em Israel, Itália, França e Espanha.

É evidente que no PS há políticos moderados de grande qualidade: Francisco Assis, António José Seguro, Sérgio Sousa Pinto, Adalberto C. Fernandes… Não parecem ter qualquer possibilidade de vencer eleições internas. O aparelho socialista está dominado por radicais “formados” na Juventude Socialista, com percursos académicos medíocres, sem experiências profissionais, que vão subindo de assessores a adjuntos, de chefes de gabinete a secretários de Estado e depois ministros infantilizados.

Esta epidemia também se alastrou nas autarquias, cada vez mais nas mãos de pessoas sem visão, incapacitados, dependentes de máquinas partidárias, com inveja de quem tem sucesso fora da política e do Estado.

Num país pobre, com défice da balança externa, imensa dívida pública e privada, com um PIB cada vez mais enfraquecido, a classe política que domina o PS parece abominar as empresas e os patrões. Tudo o que parece apto a produzir riqueza é mal-amado. Gostam de empresas públicas, e de capitalistas, especialmente de origem estrangeira, que vivem do “rentismo” com o Estado, permitindo portas de vaivém, que incentivam a promiscuidade público/privado.

O regime está caduco, incapaz de sair do declivoso mal-estar económico, acentuando a falta de coesão social. Acentua-se o centralismo salazarista, a desigualdade entre o interior e as cidades do litoral, onde a crise de habitação é o último sintoma da degradação das funções nobres do Estado: saúde, educação, Forças Armadas, justiça …

Perante a progressiva radicalização esquerda/direita, faltam propostas de “ideais ao centro” que sejam capazes de romper com o pântano que se apoderou do regime, revigorando a nossa democracia, restaurando uma República ética, economicamente sustentável e competitiva.

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