Zero lança contador de adiamentos de acções ambientais

O “ECOprocrastinador” conta o atraso na implementação de medidas ambientais: da Lei de Bases do Clima à Lei ProSolos ou ao regulamento geral do ruído.

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Existem medidas com quase 16 anos de atraso, acusa a Zero Adriano Miranda

A Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável marca o Dia da Terra, que se assinala neste dia 22 de Abril, com o lançamento de uma nova área no seu site chamada “ECOprocrastinador”, em que cronometra ao segundo o atraso do Governo na aplicação de cinco leis que, “apesar de aprovadas, continuam na gaveta a aguardar implementação”, lê-se num comunicado da associação sem fins lucrativos.

A ferramenta “ECOprocrastinador” pode ser consultada no blogue “1,5ºC”, da associação, onde, segundo a Zero, irão “infelizmente adicionar outras leis e regulamentos ambientais com atraso de implementação”. Para já, destacam cinco leis que aguardam serem postas em prática.

Lei ProSolos: 2726 dias de atraso

A consulta pública desta medida terminou a 4 de Novembro de 2015 e teve apoio generalizado da Assembleia da República. No entanto, a lei ainda não foi publicada. O objectivo desta medida, segundo a Zero, “é definir o regime jurídico para a prevenção da contaminação e remediação dos solos, com vista à salvaguarda do ambiente e da saúde humana”. Com esta lei, ficava estabelecido o processo de avaliação da qualidade e remediação do solo e também a responsabilização pela sua contaminação.

Lei de Bases do Clima: 80 dias de atraso

Esta lei entrou em vigor em Fevereiro de 2023 e desde então aguarda implementação completa. A Lei de Bases do Clima estabelece quadros legais e regulamentares para cumprir o compromisso de alcançar a neutralidade climática.

"Volvidos vários meses, certo é que a lei, na prática, continua por implementar - por exemplo, o Conselho para a Acção Climática continua por criar e os orçamentos de carbono ainda não existem", diz a associação.

Implementação do Sistema de Depósito com Retorno de Embalagens não reutilizáveis: 476 dias de atraso

A previsão indicava que a 1 de Janeiro de 2022 esta lei entrava em funcionamento, mas isso ainda não aconteceu. A ideia deste sistema é que o consumidor, no acto da compra, pague um depósito sobre a embalagem, que poderá ser reembolsado se a embalagem for levada até aos centros de recolha. A Zero acredita que este atraso "tem implicações graves para o país", desde a dificuldade "no cumprimento de metas de reciclagem de resíduos urbanos a que está obrigado, como também no desperdício diário de 4 milhões de embalagens de bebidas de plástico, metal e vidro que são queimadas ou colocadas em aterro".

Publicação do Cadastro Nacional dos Valores Naturais Classificados: 5381 dias de atraso

A criação deste documento está prevista na legislação desde 28 de Julho de 2008 e, segundo a Zero, vai permitir "conferir protecção legal a todas as espécies com ameaça que ocorrem no interior e fora das áreas classificadas, uma vez que estão previstas contra-ordenações ambientais puníveis por lei". Acrescentando ainda que "a aprovação desta ferramenta de conservação continua dependente da existência de regulamentação que ainda não foi publicada".

Regulamento Geral do Ruído: 5939 dias de atraso

Aprovado a 17 de Janeiro de 2007, o regulamento exige "a realização de mapas municipais de ruído e de planos de redução de ruído", diz a Zero. As informações da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), actualizadas pela última vez em Agosto de 2021, registam a existência de 142 mapas de um total de 278 municípios. Relativamente aos planos municipais de redução de ruído, não existe informação disponível.

A estas medidas vão, posteriormente, ser adicionadas mais que estão em atraso porque, citando a associação, "o planeta não pode esperar, pelo que o Governo não pode atrasar mais".

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