Livro Vermelho: um terço das espécies de mamíferos em Portugal está ameaçado

Novo Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental, publicado esta terça-feira, actualiza o conhecimento sobre as espécies de mamíferos e faz uma revisão dos estatutos de ameaça.

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O gato bravo está classificado como espécie em perigo DR
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O rato-das-neves é um dos novos animais registados em Portugal Paulo Barros
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Lobo está protegido ao abrigo da directiva Habitats, que proíbe a sua captura em toda a área da União Europeia PIXABAY PIXABAY
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Os linces-ibéricos são uma espécie ameaçada, mas têm vindo a recuperar DR
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As orcas foram classificadas no mais elevado nível de ameaça DR
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Há mais de uma dezena de espécies de morcegos em Portugal DR

A percentagem de espécies de mamíferos ameaçados subiu para 33%. Os dados são do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental, publicado esta terça-feira, 18 anos após a última avaliação do risco. Foram também introduzidos registos de ocorrência de 14 novos animais em solo nacional.

O projecto avalia todo o território de Portugal continental, com um foco na Rede Nacional de Áreas Protegidas, passando por parques, reservas, paisagens protegidas e monumentos naturais, incluindo o Parque Nacional da Peneda-Gerês e as Zonas Especiais de Conservação de Rede Natura 2000.

A partir da realização de inventários centrados nestes espaços, os investigadores procuraram compilar “toda a informação existente sobre a ocorrência de mamíferos no território nacional, incluindo dados museológicos, resultados de censos e de programas de monitorização, trabalhos científicos, dados sobre a actividade cinegética e relatórios”, explica Maria da Luz Mathias, investigadora e coordenadora do projecto, ao PÚBLICO.

Em 2005, foi publicado o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, que classificou também o risco de extinção dos peixes, anfíbios, répteis e das aves, e os dados apresentados demonstravam que, das 74 espécies de mamíferos de Portugal continental avaliadas, o que correspondia a 24%, estavam ameaçadas. Em 2023, o número de espécies incluídas em categorias de ameaça elevada (criticamente em perigo, em perigo e vulnerável) subiu para 33%, segundo Maria da Luz Mathias, e “necessitam de planos de acção urgentes”.

“Foram avaliadas três espécies na categoria de ameaça mais elevada – o boto, a orca e o morcego-rato-pequeno”, avança a coordenadora. O lobo, o lince-ibérico, o gato-bravo, o toirão, nos carnívoros, a toupeira-de-água, o musaranho-anão-de-dentes-vermelhos e o musaranho-de-dentes-brancos-pequeno e três tipos de morcegos são as dez espécies categorizadas como “em perigo” pelo Livro Vermelho.

Catorze novas espécies

As investigações desenvolvidas desde Maio de 2019 deram a conhecer 14 novas espécies na lista de Mamíferos de Portugal, adianta a coordenadora e professora do departamento de Biologia Animal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, “cinco das quais avaliadas numa categoria de ameaça: o rato-das-neves, o morcego-hortelão-claro, a baleia-de-bico-sowerby, a baleia-de-bico-true e o golfinho-pintado-do-atlântico”.

Na apresentação do projecto, esta terça-feira, às 17h30, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa, vai estar presente o secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino, juntamente com professores e especialistas que vão explorar e detalhar as cinco acções desenvolvidas para obtenção de novos dados.

Durante uma mesa-redonda vão estar também presentes os responsáveis por estas acções, Inês Sequeira, jornalista da Wilder, e Carlos Fonseca, coordenador da acção de inventariação por armadilhagem fotográfica, marcação olfactiva e detecção visual.

O projecto co-financiado pelo POSEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos e pelo Fundo Ambiental da União Europeia, que tem o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) como colaborador, vai estar também disponível em formato online.

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