Cuidar da democracia como de uma planta frágil
Abril é um bom mês para ensinar às crianças algumas conquistas que, erradamente, damos por garantidas. Democracia é uma delas.
Numa das páginas deste livro, Democracia!, o autor escreve: “A democracia é uma ideia poderosa, mas frágil. Pensa na democracia como uma plantinha cujas sementes foram semeadas há muito tempo.” Uma boa imagem. Em seguida, lembra como cada nova geração ajudou a cuidá-la, protegê-la e a fazê-la crescer. Finalidade: “Para que todos possam beneficiar dos seus frutos.”
Philip Bunting, que vive na Austrália, cria obras ilustradas a pensar nas relações intergeracionais. Assim, este livro tanto pode ser lido por uma criança já com autonomia leitora, como também em conjunto com o adulto. Esta última situação será certamente mais rica para ambos, até porque certa informação que comporta será também desconhecida de alguns adultos.
E não faz mal recordar (e continuar a ambicionar) esta ideia: “Quando todos têm um poder de decisão justo e igualitário sobre como as suas comunidades funcionam, chama-se a isso ‘democracia’. Numa democracia, as pessoas não seguem ordens de um governador arrogante. (…) Numa democracia ideal, todos são tratados com igualdade e são incluídos, protegidos, sendo a voz de todos importante.”
O poder do povo
Aqui também se regressa à primeira democracia (não perfeita) e se explica a origem da palavra, na Grécia Antiga: demos (povo) e kratos (poder); faz-se uma cronologia da evolução dos direitos de votação e decisão; mostra-se como funcionam as eleições; descrevem-se outros sistemas de governo e, por fim, convida-se os pequenos leitores a fazerem ouvir a sua voz, de várias maneiras pacíficas: seja através de perguntas, do incentivo à mudança, do desenho de um cartaz de protesto ou da criação de uma petição.
Para este trabalho, o autor socorreu-se de informação consultada no Museu da Democracia Australiana, no Parlamento em Camberra.
No final, numa dedicatória para “Steph” (Stephanie Smith), que o ajudou na recolha de dados no museu, escreve: “Quando comecei a escrever este livro, achei muito difícil definir a verdadeira alma da democracia, ‘demos kratos’ e ‘poder do povo’ são palavras maravilhosas, mas penso que o sentido real da democracia se apoia nas acções e não nas palavras. Para mim, agir com bondade e fazer o que está correcto, todos os dias, são o que melhor define a democracia.”
Philip Bunting diz no seu site que acredita que quanto mais a criança se divertir durante as suas primeiras experiências de leitura, mais irá recorrer aos livros, melhorar as suas competências literárias e retirar prazer da leitura e da aprendizagem.
Os seus títulos estão publicados em mais de 25 países. O primeiro livro data de 2017 e desde então já recebeu várias distinções, nomeadamente uma menção honrosa no Children’s Book Council of Australia e uma nomeação para a Kate Greenaway Medal em 2018.
Nesta colecção, assina também Quem Sou Eu?, Micróbios, Micróbios e Mais Micróbios, O Teu Planeta Precisa de Ti, As Formigas Vão Salvar o Planeta, Como Aqui Chegámos? Do Big Bang ao Dia em Que Nasceste.
Democracia! é um livro claro, informativo, solidário, alegre e esperançoso. Como a democracia deveria ser.