First Citizens compra actividade do falido Silicon Valley Bank

O First Citizens adquire activos do SVB no valor de 72 mil milhões de dólares. Regulador antevê que a falência do banco terá um impacto de 20 mil milhões sobre o fundo de garantia de depósitos.

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Os reguladores norte-americanos decretaram o encerramento do Silicon Valley Bank a 11 de Março Reuters/BRITTANY HOSEA-SMALL

O First Citizens Bank chegou a acordo para comprar todos os depósitos e empréstimos do Silicon Valley Bank (SVB), instituição que faliu este mês, depois de uma fuga em massa de depositantes. A operação foi anunciada este domingo pelo Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC, o fundo de garantia de depósitos norte-americano) e implica que os depositantes do SVB passam, automaticamente, para a instituição compradora.

A falência do SVB, até recentemente o 16.º maior banco norte-americano, foi decretada a 11 de Março, depois de uma corrida maciça aos depósitos, durante dois dias, por parte dos seus clientes, maioritariamente start-ups do sector tecnológico, que atravessa uma crise. A situação de liquidez do banco deteriorou-se de tal forma e num ritmo tão acelerado que as autoridades norte-americanas optaram por nem sequer ponderar outras hipóteses e acabaram por entregar a gestão do banco ao FDIC.

Nestas últimas duas semanas, reguladores e Governo norte-americano avaliaram as medidas a pôr em prática de forma imediata para evitar estragos maiores, como um contágio do restante sector financeiro. É nesse contexto que a venda do SVB agora surge.

“O FDIC chegou a acordo para a compra de todos os depósitos e empréstimos do SVB pelo First Citizens Bank & Trust Company. Os 17 balcões do SVB vão abrir como balcões do First Citizens Bank na segunda-feira, 27 de Março de 2023. Os depositantes do SVB vão, automaticamente, tornar-se depositantes do First Citizens Bank”, indicou o FDIC, em comunicado divulgado este domingo, detalhando ainda que “todos os depósitos assumidos pelo First Citizens Banks continuarão a ser garantidos pelo FDIC, até ao limite” previsto por lei.

A operação não implica, ainda assim, a venda da totalidade do SVB. Segundo detalha o FDIC, a 10 de Março, um dia antes da sua falência, o SVB tinha activos avaliados em 167 mil milhões de dólares (mais de 155 mil milhões de euros, à cotação actual) e 119 mil milhões de dólares (110 mil milhões de euros) em depósitos. “A transacção concluída este domingo incluiu a aquisição de activos do SVB no valor de cerca de 72 mil milhões de dólares, com um desconto de 16,5 mil milhões. Aproximadamente 90 mil milhões de dólares em títulos e outros activos irão permanecer à guarda do FDIC”, pode ler-se no comunicado do regulador.

O acordo determina, ainda, que o FDIC receba do First Citizens os chamados “stock appreciation rights”, instrumento financeiro que permite aos titulares (no caso, o FDIC) arrecadar ganhos com a valorização das acções do emitente (aqui, o First Citizens). As acções em causa têm um potencial de valorização de 500 milhões de dólares.

Quanto aos créditos, o acordo estabelece cláusulas de “divisão de perdas” entre o FDIC e o First Citizens. Na prática, as duas instituições vão assumir em conjunto as potenciais perdas que resultem de incumprimento nos empréstimos cobertos pelo acordo. Assim, o FDIC espera “maximizar as recuperações” de créditos, mantendo-os no sector privado.

Por fim, o regulador avança já com uma estimativa do impacto financeiro da falência do SVB. Ao todo, calcula o FDIC, esta falência deverá ter um custo de 20 mil milhões de dólares sobre o fundo de garantia de depósitos norte-americano, embora o “custo exacto¨ não possa ainda ser determinado.

Fundado em 1898 e com sede na Carolina do Norte, o First Citizens conta com cerca de 550 balcões distribuídos por 23 estados norte-americanos. Ao contrário do SVB, não está focado num único sector, actuando junto de empresas, particulares e na área da banca privada. Em 2022, reportou lucros de cerca de 1000 milhões de dólares, duplicando os resultados alcançados no ano anterior.

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