Palcos da semana: César, Dolo, faroleiros, Menina Mulher e um relatório final

Nos próximos dias, o Chapitô estreia Júlio César, Viseu lembra um crime, um filme mudo ganha música nova, Agnes Nunes regressa e Diogo Batáguas entretém(-se) em despedidas.

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A nova criação da Companhia do Chapitô é uma paródia a Júlio César Frank Saalfeld
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A brasileira Agnes Nunes volta a Portugal para quatro concertos DR
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Diogo Batáguas despede-se do Relatório DB com um resumo de quatro anos DR
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O filme Os Faroleiros, agora com música de Daniel Moreira DR
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Fraga encena Dolo em Viseu Carlos Fernandes

Ao Chapitô o que é de César

Com extensos pergaminhos na arte de bem “inadaptar” tragédias ao registo de comédia – Édipo, Macbeth, Hamlet, Antígona e Electra fazem parte do currículo – a Companhia do Chapitô reincide no método de desconstruir uma história clássica até ao tutano, para a devolver numa forma inesperada.

Na sua 39.ª criação colectiva, aposta na “desconsagração de outro ‘monstrohistórico’”: Júlio César. O resultado, mais uma vez minimalista em adereços e forte em piruetas no enredo, situa-se algures “entre a reconstituição histórica, o documentário e a paródia”, descrevem, “com todo o “des-rigor que já caracteriza a companhia”.

Esta reinvenção é encenada por José C. Garcia e Cláudia Nóvoa, e interpretada pelo trio de actores formado por Jorge Cruz, Pedro Diogo e Susana Nunes.

Júlio César (foto de ensaio) Frank Saalfeld
Júlio César (foto de ensaio) Frank Saalfeld
Júlio César (foto de ensaio) Frank Saalfeld
Júlio César (foto de ensaio) Frank Saalfeld
Júlio César (foto de ensaio) Frank Saalfeld
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Júlio César (foto de ensaio) Frank Saalfeld

O regresso da Menina Mulher

Depois de ter estado por cá há um ano, ao embalo do álbum Menina Mulher, numa estreia adiada pela pandemia, a brasileira Agnes Nunes regressa para mais uma série de datas.

Adorada na internet, premiada q.b. e abençoada por Caetano Veloso, Seu Jorge e Elba Ramalho, a cantora e compositora baiana transporta o selo de uma das maiores revelações recentes da MPB, quando ainda nem fez 21 anos.

Na voz, traz um misto de candura e maturidade, que ora usa para expressar sentimentos pessoais, ora para homenagear gente que lhe importa (como a avó que inspirou a canção Terezinha), ora para amplificar questões como o empoderamento feminino, a luta contra o racismo e a sua intersecção. A abertura dos concertos é assegurada pela compatriota Mari Froes.

Fim de relatório

Durante quatro anos, os fãs do Relatório DB cumpriram o ritual de assistir no YouTube à revisão sarcástica dos acontecimentos do mês por Diogo Batáguas e seu olhar cirúrgico, descomplexado e atento às bizarrias da praça pública. Dezembro de 2022 foi a última vez. Ou quase.

O anúncio do fim veio acompanhado de outro: uma derradeira versão ao vivo, em duas datas entretanto duplicadas. Ao palco, com o humorista, sobem os cúmplices Luana do Bem e Sandro “cheio de fome” Garcia, e a promessa de “48 meses minuciosamente analisados, cuidadosamente resumidos, escrupulosamente escrutinados, intensamente escalpelizados”.

Música, faroleiros

Um drama com vista para o Bugio, um triângulo amoroso, um crime. E os créditos de espécime raro e ambicioso do cinema mudo português. Tudo isto já fazia d’Os Faroleiros uma obra especial. Agora, o filme ganha uma nova banda sonora, mais de um século após a estreia original, em 1922, e 30 anos passados da sua redescoberta no Porto, depois de ter sido dado como perdido.

As novas partituras para o filme de Maurice Mariaud (realizador que também entra como actor) são assinadas pelo compositor Daniel Moreira, por encomenda do Batalha Centro de Cinema. Quem as toca ao vivo nestes cineconcertos é um colectivo de referência internacional na interpretação de música de câmara contemporânea: o Arditti Quartet.

Memória real, Dolo teatral

“Toda a semelhança com a realidade não é pura ficção. Porque quem conta não desconta, mas amonta.” As palavras são de Jorge Fraga, o encenador que em Dolo se lança à memória colectiva que Viseu guarda do crime da Poça das Feiticeiras.

Aconteceu em 1925, quando João Alves Trindade, um abastado homem da cidade, foi assassinado. A filha e o genro foram condenados, mas as pontas soltas do processo levantaram (e continuam a levantar) dúvidas e mistérios.

A peça em estreia baseia-se num texto original que recorre “às declarações prestadas em julgamento, às memórias populares e à fabulação ficcional” para recriar as últimas horas de vida da vítima. Aos espectadores, posicionados em U, pede-se que assumam o seu lugar numa assembleia, quais jurados populares convocados a formar a sua própria opinião.

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