Imagem invulgar de vários raios a cair em prédios no Brasil

Imagem captada por cientistas brasileiros no estado de São Paulo mostra como pára-raios protegeram prédios da queda dos raios.

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A imagem dos raios captada pela equipa de Marcelo Saba Diego Rhamon/INPE

A imagem é muito particular: mostra relâmpagos (a parte visível de raios) ligados a edifícios. No fundo, mostra como pára-raios nesses prédios funcionaram. A imagem é de uma equipa de cientistas brasileiros liderada por Marcelo Saba, que diz ter conseguido a imagem com uma câmara de alta velocidade apontada para o sítio certo no momento certo. Esta fotografia tirada no estado de São Paulo, no Brasil, foi a capa de uma edição recente da revista científica Geophysical Research Letters.

Marcelo Saba relata num comunicado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, que financia a investigação da sua equipa, como tudo aconteceu: “A imagem foi captada numa noite de Verão em São José dos Campos [no estado de São Paulo] enquanto um raio [descarga eléctrica] com carga negativa se aproximava do solo a 370 quilómetros por segundo”, descreve o cientista do Instituto Nacional para a Investigação Espacial, no Brasil. À medida que o raio se aproximava, os pára-raios montados nos edifícios iam-se preparando para os resguardar ao lançar descargas positivas ascendentes para competir com os raios.

Depois, tudo aconteceu – mesmo – muito rápido. A imagem foi obtida 25 milionésimos de segundo antes de cada raio chegar a um dos edifícios. A câmara registou cerca de 40.000 imagens por segundo.

Como se fez esse acompanhamento, é possível agora ver em câmara lenta como as descargas eléctricas se comportaram e como poderiam ter sido perigosas se não existisse nenhum sistema de protecção. Na área onde tudo aconteceu, havia mais de 30 pára-raios. Mesmo assim, o topo de um edifício foi atingido por um raio. “Uma falha na instalação deixou essa área desprotegida”, refere o cientista.

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Parte do edifício atingida pelo raio, numa imagem publicada num artigo científico DR

Este trabalho foi também uma oportunidade para a equipa de Marcelo Saba explicar como relâmpagos são formados e o funcionamento dos pára-raios. No comunicado, esclarece que os pára-raios não repelem nem atraem os raios. “[Os pára-raios] simplesmente oferecem ao raio um caminho fácil e seguro até ao solo”, indica-se no comunicado.

Já começam a ser pensadas alternativas aos pára-raios para infra-estruturas maiores. No início deste ano, cientistas revelaram num artigo científico na revista Nature Photonics que experiências com um poderoso laser no Nordeste da Suíça conseguiram desviar raios. Um deles seguiu a trajectória do laser mais de 50 metros. A ideia é que este sistema seja uma espécie de pára-raios e que possa um dia vir a ser usado para proteger infra-estruturas como aeroportos e parques eólicos.

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