Imóveis que o Governo vai deixar vagos com mudança para a sede da Caixa avaliados em 600 milhões

O Governo estima poupar 5,8 milhões de euros por ano com a concentração de ministérios no edifício sede da CGD, embora não divulgue qual o investimento que está a ser feito com as obras neste imóvel.

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A CGD vai entregar o edifício da sede ao Estado, como parte do dividendo relativo ao exercício de 2022 Fabio Augusto

Os imóveis que o Governo vai deixar vagos com a mudança para o edifício da sede da Caixa Geral de Depósitos (CGD), onde vão ser concentrados vários ministérios, estão avaliados em 600 milhões de euros. O objectivo do Governo é rentabilizar estes edifícios e disponibilizá-los no mercado habitacional, não ficando esclarecido, para já, se pretende vender estes imóveis ou arrendá-los.

A informação foi avançada no comunicado emitido pelo Governo no final do Conselho de Ministros, que aprovou a despesa que irá ser feita nas obras de adaptação do edifício da Caixa. "Foi autorizada a realização da despesa necessária à concretização das obras de beneficiação e adaptação do edifício sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa, com vista à concentração física de entidades públicas neste edifício", pode ler-se no comunicado, que não revela qual o valor desta despesa. O PÚBLICO já questionou o Governo sobre esse valor e aguarda resposta.

Esta concentração de serviços e gabinetes do Governo num único espaço, acrescenta o comunicado, "potencia sinergias, estimula a criação de redes de comunicação mais próximas, sedimenta o trabalho colaborativo e permite ganhos de eficiência na gestão dos imóveis utilizados pelo Estado".

Em concreto, detalha o executivo, as poupanças deverão ascender a 5,8 milhões de euros por ano, entre rendas e custos de operação. "Estima-se uma poupança de cerca de 800 mil euros por ano, em rendas actualmente pagas pelo Estado a privados, e cerca de 5 milhões de euros por ano em encargos com a gestão de serviços como segurança, manutenção, limpeza, jardinagem, fornecimento de energia eléctrica e fornecimento de água", refere o comunicado.

Por outro lado, os imóveis públicos que serão deixados vagos pelos serviços que irão mudar-se para a sede da Caixa estão avaliados em cerca de 600 milhões de euros, esclarece o executivo. E "poderão ser objecto de rentabilização, visando contribuir para o objectivo de reforço da oferta habitacional". Não fica esclarecido, para já, de que forma se pretende fazer essa rentabilização, nem através de que programas de política pública se pretende reforçar a oferta habitacional.

Em Novembro do ano passado, recorde-se, o Governo disse que o processo de mudança de alguns ministérios para o edifício sede da CGD, na zona do Campo Pequeno, em Lisboa, iria iniciar-se no primeiro trimestre de 2023 e seria gradual. "Ao longo do primeiro trimestre de 2023 iniciaremos um processo que será gradual ao longo da legislatura e que permita ir concentrando não apenas áreas governativas, mas, também, reorganizando um conjunto de serviços", disse então Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência.

Contudo, até agora, e numa altura em que o primeiro trimestre está a chegar ao fim, este processo ainda não arrancou. Já no início deste mês, o presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, adiantou que o banco público planeia entregar, até ao final deste ano, o edifício da sede ao Estado, como parte do dividendo relativo ao exercício de 2022. Para já, segundo o responsável, estão a ser feitas avaliações ao imóvel e o banco está, agora, à procura de um novo edifício, com cerca de 30 mil metros quadrados e na área da Grande Lisboa, para instalar a sede.

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