Palcos da semana: t u m u l u s, mitos, Outsiders e outras histórias

Os planos passam por cinema independente americano, dança e música de Chaignaud a Jourdain, um Orpheu experimental, Calíope em novas canções e Ficheiros Secretos de Osório.

teatro,cinema,culturaipsilon,livros,danca,musica,
Fotogaleria
t u m u l u s apresenta-se como uma celebração da ausência Alain Scherer
teatro,cinema,culturaipsilon,livros,danca,musica,
Fotogaleria
In a Valley of Violence faz parte do cartaz do Outsiders Lewis Jacobs
teatro,cinema,culturaipsilon,livros,danca,musica,
Fotogaleria
Orpheu estreia-se em Famalicão David Cachopo
teatro,cinema,culturaipsilon,livros,danca,musica,
Fotogaleria
A Garota Não é uma das artistas a compor Calíope Nuno Ferreira Santos
p2,culturaipsilon,
Fotogaleria
Luís Osório anda pelos palcos com histórias de Ficheiros Secretos DR

Um t u m u l u s para dar vida à morte

Treze corpos dançantes e cantantes interagem com um dispositivo cénico na forma de um monte que simboliza um mausoléu. É ali que uma comunidade se encontra e se move para celebrar os ausentes. Ali se converte “o lugar dos mortos e da morte no da vida e dos vivos”, explica a sinopse, algures “entre o singular e o colectivo, a materialidade e a eternidade”.

É um t u m u l u s que nasce da junção do coreógrafo François Chaignaud a Geoffroy Jourdain, fundador e director artístico do ensemble Les Cris de Paris. Assenta, portanto, numa combinação de dança e música (algo que Chaignaud tem explorado muito no seu percurso) traduzida numa “procissão infindável misturada com o poder do canto polifónico”.

Outsiders dos géneros

Os filmes à margem da corrente principal “hollywoodesca” voltam a ter lugar no Outsiders, depois de uma bem-sucedida edição de estreia em 2021. O ciclo de cinema independente americano preparou uma selecção de dez filmes, todos em primeira exibição em Portugal e com lastro de aplausos em festivais internacionais.

t u m u l u s Alain Scherer
t u m u l u s Alain Scherer
t u m u l u s Alain Scherer
t u m u l u s Alain Scherer
Fotogaleria
t u m u l u s Alain Scherer

Desta vez, o foco vira-se para uma exploração de filmes de vários géneros, no sentido de dar visibilidade a quem se apropria dos códigos clássicos e que de certa forma os actualiza. Pode ser um western como In a Valley of Violence, de Ti West, a chamada “comédia de recasamento” que é The Lovers, de Azazel Jacobs (na sessão de abertura) ou o filme de guerra(s) Foxhole, de Jack Fessenden (realizador que estará presente na sessão e dará uma masterclass).

O Outsiders é uma iniciativa da FLAD - Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, com Carlos Nogueira como programador.

Orpheu em contraposições

Algures entre a dança, a música electrónica e um sentido operático, com uma boa dose de cunho experimental e os ecos de “diversas personagens órficas”, estreia-se um Orpheu que oferece uma versão pouco ortodoxa do mito em que o poeta-músico mortal convence os deuses a deixá-lo descer aos infernos para resgatar da morte a sua amada.

Objectivo: reflectir sobre “a dicotomia entre o tangível e o intangível, o tempo presente e o ausente, o individual e o colectivo, explorando novas contraposições estéticas e linguagens corporais”, anuncia a folha de sala.

Levada à cena pela Ordem do O, tem a assinatura de Hélia Correia no texto e a de Pedro Ramos direcção artística, na coreografia e no espaço cénico. A interpretação fica a cargo de Tiago Barbosa, Sara Belo, Vítor Alves da Silva, Mara Morgado, Helena Vasconcelos, Fern Katz e Miguel Sobral Curado.

Novas musas por Calíope

No Dia Internacional da Mulher estreia-se um concerto baptizado com o nome da mãe de Orfeu. Calíope era uma das nove musas. E são nove as artistas que unem talentos nesta celebração musical da criação no feminino. Contribuem com canções originais que, na diversidade dos registos musicais e das questões que abordam, pretendem ser elas próprias inspiradoras.

São elas A Garota Não, Aline Frazão, Ana Bacalhau, Elisa Rodrigues, Joana Alegre, Joana Espadinha e Joana Machado, Marta Hugon (a directora artística do projecto) e, no disco editado em paralelo, também Luísa Sobral. A direcção musical é do pianista Luís Figueiredo, que faz parte da formação que as acompanha na Calíope ao vivo.

Osório com segredos de repertório

Com um longo percurso como jornalista e escritor, Luís Osório é um exímio contador de histórias – de há uns tempos para cá, também em palco. O livro Ficheiros Secretos, que lançou em 2021 com o subtítulo de Histórias nunca contadas da política e da sociedade portuguesas – episódios “escondidos” da vida de Álvaro Cunhal, Mário Soares, Saramago, Amália e tantos outros – ganhou uma versão ao vivo.

Agora, esses ficheiros (e outros que não estão no livro) são abertos ao longo de um espectáculo. Está repleto de figuras conhecidas, mas não só. Também relata façanhas de gente comum, que podem ser tão ou mais impressionantes e heróicas. Podem vir do bibliotecário itinerante, do último leproso do Rovisco Pais ou da família do próprio Osório.

O monólogo é interrompido quando entram em cena os convidados – uma lista em que convivem Graça Freitas, Tony Carreira, Mário Centeno, Pedro Abrunhosa, Pinto da Costa e outros por revelar.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários