Austrália deverá rejeitar visto a Kanye West devido a declarações anti-semitas

O ministro da Educação australiano classificou os comentários do rapper como “horríveis” e disse acreditar que West verá ser negado o seu pedido de entrada naquele país.

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Kanye West afirmou recentemente que admira Hitler EPA/MICHAEL REYNOLDS

Na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco condenava a negação do Holocausto, enquanto do outro lado do mundo, na Austrália, o Governo anunciava que deverão ser rejeitados quaisquer pedidos de visto para entrar no país por parte de Kanye West. A decisão surge na sequência dos comentários anti-semitas proferidos pelo rapper norte-americano, que agora assina como Ye, nos últimos meses.

O Papa falava na Audiência Geral, desta quarta-feira, a propósito do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, que se celebra a 27 de Janeiro. “A lembrança dessa exterminação de milhões de judeus e pessoas de outras fés nunca poderá ser esquecida ou negada”, defendeu Francisco. E acrescentou: “Não pode haver um compromisso constante de construir fraternidade juntos sem primeiro eliminar as raízes do ódio e da violência que alimentaram o horror do Holocausto.”

Horas antes, em Sidney, o ministro da Educação, Jason Clare, respondia à pressão pública para que fosse negado o pedido de Kanye West naquele país. O governante definiu os comentários anti-semitas do rapper como “horríveis” e lembrou que já houve situações semelhantes no passado: “Todas as pessoas assim que se candidataram a vistos para entrar na Austrália foram rejeitadas.”

Em entrevista à estação de televisão Channel Nine, o ministro não clarificou se Ye tinha já feito algum pedido de visto, mas disse “esperar que, se tal acontecer”, o rapper “passe pelo mesmo processo e responda às mesmas questões” que outros tiveram de responder no passado. Por exemplo, em 2019, o britânico David Icke, que cria teorias da conspiração, viu a entrada na Austrália ser-lhe negada.

Até agora, o porta-voz de Kanye West não respondeu a quaisquer pedidos para comentar a decisão da Austrália.

Grupos de judeus de todo o mundo, como o norte-americano Anti-Defamation League, têm alertado para o aumento de incidentes e comentários anti-semitas. A Claims Conference, uma ONG que consciencializa para a importância do Holocausto e da sua negação, emitiu um comunicado nesta quarta-feira, onde lamenta a crescente percentagem de pessoas que acredita ser um mito o número de vítimas desta catástrofe humanitária — estima-se que tenham morrido seis milhões de judeus.

“Estudo após estudo, continuam a verificar um decréscimo do conhecimento sobre o Holocausto. É igualmente preocupante a tendência para negar ou distorcer este acontecimento”, reforçou o presidente da ONG, Gideon Taylor.

Nos últimos meses, Kanye West entrou numa espiral descendente que o levou a perder acordos multimilionários com marcas como a Adidas ou a Balenciaga. Foi mesmo banido do Twitter pelos comentários anti-semitas, onde não só negava o Holocausto, como dizia admirar Adolf Hitler.

A ex-mulher, Kim Kardashian, condenou os comentários nas redes sociais, escrevendo que “o discurso de ódio nunca é aceitável ou perdoável”. E apelou: “Junto-me à comunidade judaica para apelar que a violência terrível e o discurso do ódio contra esta acabem de imediato.”

No entanto, a socialite declarou que não irá comentar o comportamento do pai dos filhos, nem falar sobre o tema aos menores — North, de nove anos, Saint, de sete, ​Chicago, de cinco, e Psalm, de três — para os proteger.

Ye, como é agora legalmente conhecido, também andou nas bocas do mundo por se ter colocado contra o movimento Black Lives Matter e perdeu não só dinheiro à custa do seu comportamento errático, mas até amigos.

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