Portugal recebe duas bolsas da EMBO para o estudo do genoma e do cancro

Cientistas Marco Fumasoni e Ana Luísa Correia, do Instituto Gulbenkian de Ciência e da Fundação Champalimaud (respectivamente), foram os distinguidos desta edição de bolsas da EMBO.

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Marco Fumasoni e Ana Luísa Correia DR/Alexandre Azinheira/Fundação Champalimaud

Marco Fumasoni tem um projecto para alargar a compreensão sobre a evolução dos mecanismos de manutenção do genoma no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em Oeiras. Já Ana Luísa Correia tem um outro sobre o processo de dormência celular no cancro metastático na Fundação Champalimaud, em Lisboa. Foram estes os dois projectos premiados com uma Bolsa de Instalação da Organização Europeia de Biologia Molecular (EMBO, na sigla em inglês), anunciaram esta terça-feira as duas instituições portuguesas.

Com esta bolsa, os projectos de Marco Fumasoni e de Ana Luísa Correia vão receber 50.000 euros anuais durante três a cinco anos. Também poderão concorrer até mais de 10.000 euros adicionais por ano. O objectivo das Bolsas de Instalação da EMBO (ou EMBO Installation Grants, em inglês) é apoiar líderes de grupos de investigação que estejam a montar os seus laboratórios e fortalecer assim as ciências da vida nesses locais.

Marco Fumasoni: evolução e manutenção do genoma

O italiano Marco Fumasoni está desde 2021 no IGC, onde chegou para montar o seu laboratório Manutenção do Genoma e Evolução. Através desta bolsa, vai desenvolver um projecto que tem o objectivo de expandir o conhecimento relacionado com a evolução da biologia do núcleo celular na natureza, bem como no cancro e no envelhecimento precoce. Todas essas são situações causadas por mutações genéticas que podem interferir com a segregação adequada do material genético, explica-se no comunicado sobre o anúncio destas bolsas.

“[Esta bolsa] é uma oportunidade fantástica para estabelecer o meu laboratório em Portugal com acesso aos melhores recursos e de integrar a minha investigação na rede europeia de excelência representada pela comunidade da EMBO”, afirma no comunicado Marco Fumasoni. Antes de chegar a Portugal, o italiano trabalhou nos laboratórios de Marco Foiani e Dana Branzei da Universidade de Milão ou pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. A comunidade da EMBO tem hoje mais de 600 actuais e antigos investigadores.

Ana Luísa Correia: compreender o cancro metastático

Ana Luísa Correia esteve 12 anos no estrangeiro e voltou a Portugal para montar o Laboratório Imunidade e Dormência do Cancro na Fundação Champalimaud. O seu projecto distinguido agora pela bolsa da EMBO vai possibilitar-lhe ter uma abordagem multidisciplinar para compreender melhor as respostas imunitárias de cada tecido que protegem contras as metástases do cancro da mama. Também vai tentar transformar esse conhecimento em intervenções terapêuticas em doentes em risco de desenvolver doença metastática, que é hoje incurável.

“A EMBO Installation Grant que acabo de receber é uma oportunidade única de o nosso grupo, recentemente criado, fazer parte da distinta comunidade da EMBO, e de poder continuar a trabalhar para o nosso objectivo a longo prazo: perceber o que leva células tumorais disseminadas a entrar e sair do estado de dormência, e descobrir como atingir essas células”, nota a investigadora em comunicado.

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