Internado nos EUA, Bolsonaro diz que vai antecipar regresso ao Brasil

Acusado pelos seus críticos de ter encorajado os seus apoiantes a invadir a sede do poder político e judicial em Brasília, ex-Presidente foi internado em Orlando devido a “obstrução intestinal grave”.

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Jair Bolsonaro tinha previsto ficar nos EUA até ao final do mês EPA/SEBASTIAO MOREIRA

Internado desde segunda-feira num hospital de Orlando, no estado norte-americano da Florida, devido a “fortes dores abdominais” e a uma “obstrução intestinal grave”, o ex-Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, revelou à CNN Brasil que pretende antecipar o seu regresso ao Brasil.

As declarações de Bolsonaro surgem numa altura em que é acusado pelos seus opositores de ter inspirado e encorajado os actos de violência e de vandalismo levados a cabo pelos seus apoiantes, no domingo, nas sedes do Congresso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto, em Brasília.

E acontecem na sequência de diversos pedidos de congressistas do Partido Democrata norte-americano para que seja expulso dos Estados Unidos por causa do alegado papel que desempenhou num ataque à sede do poder político e judicial brasileiro que tem muitas semelhanças com a invasão do Capitólio, em 2021, por apoiantes de Donald Trump.

“Este é já o meu terceiro internamento por obstrução intestinal grave. Vim passar um tempo fora com a família. Mas não tive dias calmos. Primeiro, houve esse lamentável episódio ontem [domingo] no Brasil e depois este meu internamento no hospital”, disse Bolsonaro à CNN Brasil.

“Pretendo antecipar o meu regresso. No Brasil, os médicos já sabem do meu problema de obstrução intestinal por causa da facada. Aqui, os médicos não me acompanharam”, explicou, referindo-se ao atentado que sofreu em 2018, quando estava em campanha para as eleições presidenciais desse ano, que acabaria por vencer.

O ex-Presidente do Brasil viajou para Orlando no final de Dezembro, rompendo com a tradição democrática brasileira de entregar a faixa presidencial ao seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva – que o derrotou na segunda volta das presidenciais de Outubro.

Bolsonaro planeava manter-se em território norte-americano até, pelo menos, ao final do mês.

Para além de ter sido acusado – inclusivamente por Lula da Silva – de encorajar os protestos que culminaram no ataque às instituições, em Brasília, o político de extrema-direita foi criticado pela reacção tardia aos mesmos.

Os seus opositores defendem que um pedido de desmobilização do antigo Presidente poderia ter travado a invasão da Esplanada dos Ministérios e dos edifícios públicos.

Jair Bolsonaro só recorreu ao Twitter várias horas depois do início dos tumultos e numa altura em que muitos dos seus aliados políticos já os tinham condenado.

“Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra. Ao longo do meu mandato, sempre estive dentro das quatro linhas da Constituição respeitando e defendendo as leis, a democracia, a transparência e a nossa sagrada liberdade”, escreveu na rede social.

“No mais, repudio as acusações, sem provas, a mim atribuídas por parte do actual chefe do executivo do Brasil”, acrescentou, apontando o dedo a Lula.

No que toca a Jair Bolsonaro e aos seus planos para o futuro, esta terça-feira houve uma reacção do ministro dos Negócios Estrangeiros de Itália, reagindo às notícias avançadas por alguns órgãos de comunicação social brasileiros que davam conta da intenção do ex-Presidente de pedir nacionalidade italiana para se mudar para a Europa – por alegados receios de ser investigado judicialmente no Brasil.

“[Bolsonaro] não pediu [nacionalidade italiana] e não acredito que a possa obter”, afirmou Antonio Tajani a uma rádio italiana, citado pela Reuters.

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