Explosões para abrir túneis do metro do Porto deverão ouvir-se até ao final de 2023

Futura Linha Rosa estará terminada no final de 2024. Empresa assegura que as explosões não são realizadas em horário nocturno. Baixa da cidade é a zona de maior impacto.

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Quem vive no centro do Porto já se habituou ao ruído das obras do Metro Adriano Miranda

De há algumas semanas para cá, passou a ser habitual ouvir-se o barulho de explosões na Baixa do Porto. Pode estranhar quem chegou à cidade há pouco tempo ou quem está de passagem, mas menos estranho achará quem vive no centro e já se habituou ao ruído das obras do Metro do Porto, que desde o ano passado está a trabalhar na construção da futura Linha Rosa. Mais recentemente, uma ou mais vezes ao dia, durante breves segundos, ouve-se o forte estrondo do rebentamento de explosivos. Até ao final do próximo ano continuará a ser assim.

Quem está mais perto, sobretudo quem reside entre o Jardim do Carregal e a Estação de São Bento, consegue sentir o impacto da explosão. O efeito reverbera nas janelas dos edifícios, mas, por agora, sem danos colaterais. São as dores de crescimento da rede de metro. Em fase da abertura dos túneis da futura ligação subterrânea entre a Casa da Música e São Bento, nem sempre é possível perfurar a terra por meios mecânicos. Quando se recorre a explosivos, nota-se ainda mais que há trabalhos a decorrer.

Ao PÚBLICO a Metro do Porto diz que as explosões serão ouvidas, “seguramente”, até ao final do próximo ano, mas não em todas as áreas da obra. Os explosivos não estão a ser usados na abertura de todos os túneis. “Não estão a ser empregues explosivos na escavação da estação da Galiza, nem na abertura do túnel entre esta e a [futura] Estação Santo António. Aqui, nesta fase, são utilizados apenas máquinas e meios mecânicos convencionais”, lê-se em resposta escrita enviada pela empresa, que também falou com o PÚBLICO por telefone.

“O recurso a explosivos dá-se na escavação do túnel entre Santo António e a nova Estação São Bento, na Praça da Liberdade” e “faz-se de acordo com a monitorização permanente das condições do terreno e com a avaliação de uma equipa de especialistas, na perspectiva da optimização de impactos – ou seja, dá-se quando o impacto do recurso a explosivos é menor do que o dos métodos mineiros”, sublinha a empresa.

Grande parte do trabalho das escavações para a construção das estações já está feito. Em estado mais avançado está a paragem que vai nascer na Praça da Galiza. “Muito do que é o corpo já está escavado. Na Galiza, mais de 90% já está escavado. Mas ainda faltam os acessos”, afirma a mesma fonte. E ainda falta “muita obra subterrânea” até a empreitada estar concluída. Apesar de a autarquia, há semanas, ter chamado à atenção para os atrasos nas obras, a empresa continua a dizer que estarão terminadas em Dezembro de 2024, como estava previamente definido.

A qualquer hora do dia podem ser ouvidas explosões. Não há uma agenda definida para se aplicar este método. Tem mais que ver com a necessidade dos trabalhos. Certo, garante-se, é não acontecerem durante a noite: “Dão-se rebentamentos pontuais, de pouca carga, nesta fase sem horários pré-estabelecidos. Não existem detonações nocturnas.” As obras têm sido realizadas nesse horário. Mas, de acordo com o que PÚBLICO apurou, não há registo de detonações realizadas fora de horas.

Vistorias prévias

Antes de os trabalhos arrancarem, todo o edificado das imediações foi alvo de vistoria por parte da empresa, de forma a que possa ser feita uma comparação com o antes e o depois das obras, no caso de existirem queixas de acidentes decorrentes da empreitada. E, ao longo da obra, diz a Metro do Porto, a monitorização mantém-se: “A generalidade do edificado e das infra-estruturas na envolvente das estações e do traçado do túnel estão amplamente instrumentados com aparelhos (para detecção de qualquer tipo de movimento) e são monitorizados em permanência.”

Pergunta-se se existem medidas compensatórias na eventualidade de existirem acidentes que ponham em causa as estruturas ou o bem-estar dos cidadãos. “Em primeiro lugar, são cumpridas todas as obrigações legais, laborais e de segurança, incluindo naturalmente todas as de natureza ambiental, económica e social, na execução da empreitada da Linha Rosa. A segurança é a primeira das prioridades da Metro do Porto. A questão da segurança de pessoas e bens está plenamente salvaguardada. No caso dos imóveis, todos os situados na envolvente da obra foram vistoriados antes do início da mesma, com cópia do relatório de vistoria para os respectivos proprietários. Toda a obra está coberta por seguros de responsabilidade civil a cargo do consórcio Ferrovial-ACA para efeitos de cobertura de qualquer tipo de dano resultante dos trabalhos”, responde a Metro do Porto.

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