Bombardeamentos russos atingem Kiev, mas não fazem vítimas

Zelensky diz que foram abatidos 13 drones de fabrico iraniano. EUA estão a ponderar o envio do seu sistema anti-aéreo mais avançado para a Ucrânia.

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Casa em Kiev destruída parcialmente após a queda de um drone GLEB GARANICH / Reuters

Kiev voltou a ser bombardeada pelas forças russas na manhã desta quarta-feira, mas as autoridades ucranianas dizem ter abatido 13 drones de fabrico iraniano.

As explosões fizeram sentir-se na zona central da capital ucraniana, sobretudo no bairro Shevchenkivskii, onde se localizam vários edifícios públicos e da administração local. No entanto, os bombardeamentos não causaram quaisquer vítimas, segundo os serviços de protecção civil.

Svetlana, citada pela BBC, disse que o primeiro bombardeamento ocorreu por volta das 6h30 da manhã (menos duas horas em Portugal continental). “O ruído era como se fosse de um ciclomotor. Caiu atrás das casas e depois houve um barulho forte, uma explosão”, descreveu.

O governador de Kiev, Oleksii Kuleba, disse que os ataques estão integrados no “terror energético” levado a cabo pela Rússia contra a Ucrânia. Nos últimos meses, na sequência de vários recuos territoriais, as forças russas passaram a visar sobretudo a infra-estrutura de produção e distribuição de energia e água da Ucrânia, provocando apagões de várias horas em grande parte do país.

No entanto, a Ukrenergo, a empresa que gere a rede eléctrica ucraniana, disse que os ataques desta quarta-feira não atingiram qualquer componente da infra-estrutura energética graças ao “trabalho brilhante das forças de defesa antiaérea”.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que as forças ucranianas abateram 13 drones de fabrico iraniano, o que corresponde à totalidade de dispositivos utilizados pela Rússia esta manhã. “Muito bem! Estou orgulhoso”, afirmou Zelensky durante uma transmissão ao vivo.

A Ucrânia tem acusado o regime iraniano de estar a fornecer drones à Rússia, mas Teerão diz que os aparelhos que têm sido usados foram vendidos muito tempo antes da invasão. Num dos drones abatidos era possível ler-se a mensagem "Por Riazan", uma provável referência a um ataque no início do mês contra uma base aérea russa em Riazan.

Também houve relatos de bombardeamentos na cidade de Kherson, onde foi atingido um edifício da administração local, mas sem que tenha sido registado qualquer ferido. A cidade no Sul do país foi recentemente recuperada pelas forças ucranianas, mas continua a ser visada por um contingente russo que se encontra muito próximo.

A frente diplomática permanece bloqueada. O Kremlin fez saber na terça-feira que exclui a possibilidade de ser declarada um cessar-fogo temporário durante o período de Natal, repetindo a condição que tem avançado para que haja qualquer progresso negocial: a aceitação por parte da Ucrânia e do Ocidente das anexações territoriais reivindicadas por Moscovo no país vizinho.

Ainda assim, os dois lados continuam a organizar trocas de prisioneiros, a última das quais foi anunciada esta quarta-feira e incluiu um cidadão norte-americano libertado pela Rússia, de acordo com a Casa Branca.

Novo sistema a caminho

Para fazer face à intensificação de bombardeamentos russos, os EUA estão a ponderar enviar para a Ucrânia o seu sistema terrestre de defesa anti-aérea mais avançado, conhecido como Patriot.

A informação ainda não foi confirmada oficialmente, mas vários meios de comunicação norte-americanos citam responsáveis da Administração de Joe Biden que confirmam a intenção de Washington.

Ao contrário de outros sistemas de defesa antiaérea fornecidos pelos aliados ocidentais da Ucrânia, os Patriot têm capacidade para interceptar mísseis balísticos, explica o New York Times.

Os EUA tinham mostrado alguma relutância em ceder sistemas tão avançados tecnologicamente à Ucrânia por requererem um treino longo e complexo. No entanto, as autoridades ucranianas têm intensificado os seus pedidos para um aumento do apoio internacional em termos de armamento, sobretudo num contexto em que a Rússia tem sido capaz de desferir estragos sérios na infra-estrutura energética do país.

Só nas últimas 24 horas, foram registados mais de 60 ataques de rockets, 11 de mísseis e um aéreo nas regiões de Kharkiv, Donetsk e Zaporíjjia, de acordo com o relatório matinal das Forças Armadas ucranianas, citado pela Reuters.

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