Fed abranda subida dos juros e baixa previsão de crescimento para 2023

Principal taxa de juro passa para intervalo entre 4,25% e 4,5%. Reserva Federal dos EUA está menos optimista em relação ao crescimento económico no próximo ano, contando que o PIB só cresça 0,5%.

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Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos Reuters/KEVIN LAMARQUE

A Reserva Federal norte-americana (Fed) voltou a agravar as taxas de juro de referência, mas, desta vez, a um ritmo inferior aos aumentos decididos nos últimos meses. A desaceleração da inflação nos Estados Unidos, confirmada pelos últimos dados económicos, deu margem à autoridade monetária para, sem inverter a trajectória, suavizar as restrições na política monetária como forma de controlar a subida dos preços.

Depois de dois dias de reunião mensal do comité de política monetária, o banco central liderado por Jerome Powell anunciou nesta quarta-feira um aumento de 0,5 pontos percentuais na principal taxa de referência, quando, nas quatro reuniões anteriores, decidira sempre fazer aumentos de 0,75 pontos (em Junho, Julho, Setembro e Novembro).

Com o novo agravamento, o intervalo definido para a taxa de juro dos fundos federais passa a estar entre 4,25% e 4,5%.

É a sétima subida que a Reserva Federal faz este ano numa tentativa de equilibrar o controlo da inflação com o objectivo de evitar uma recessão na maior economia do mundo. Depois de uma queda trimestral em cadeia de 1,9% no primeiro trimestre e de 0,6% no segundo, o PIB norte-americano cresceu 2,9% no terceiro trimestre em relação ao anterior, mas ainda há algumas semanas a Fed considerava entrada em recessão como um cenário mais provável do que há alguns meses, ainda que as novas projecções económicas que divulgou nesta quarta-feira apontem para um crescimento do PIB no próximo ano, mesmo que ténue.

Consciente de que o regresso a um momento de estabilidade nos preços levará algum tempo e que esse processo não será isento de dor — disse-o Jerome Powell durante o Verão —, a Reserva Federal acredita que a inflação só voltará ao patamar de 2% no médio prazo. E considera que os agravamentos nas taxas de juro, que agora confirmou, são “apropriados” para atingir esse objectivo.

Caso surjam “riscos” e veja que o cumprimento dessa meta se arrisca a ficar em causa, o comité de política monetária admite “ajustar a orientação da política monetária”, uma declaração de princípio que repete de cada vez que divulga as novas taxas de juro.

Tal como afirmou há um mês, quando fez uma nova subida das taxas em 0,75 pontos, a Fed volta a sublinhar que a inflação continua num nível elevado, “reflectindo desequilíbrios da oferta e da procura relacionados com a pandemia, preços mais elevados nos alimentos e na energia, e pressões mais amplas sobre os preços” agravados pela guerra na Ucrânia, que criou uma “pressão adicional” sobre a inflação que alastrou à actividade económica mundial.

As estatísticas divulgadas esta semana pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos mostram que, em Novembro, os preços continuaram a um nível superior ao que se passava um ano antes, mas a diferença tem vindo a diminuir de mês para mês e isso voltou a acontecer agora.

A variação anual do índice de preços (nos 12 meses terminados em Novembro) passou dos 7,7% registados em Outubro para 7,1% em Novembro, ficando abaixo da projecção de analistas de mercado.

Depois de uma tendência de aumento desde Novembro de 2021 até Junho deste ano, altura em que atingiu um pico de 9,1%, a taxa de inflação começou a abrandar. Excluindo do índice os produtos alimentares e a energia, a taxa de inflação foi de 0,2% em Novembro na variação mensal e de 6% na diferença anual. Nos alimentos, a diferença é de 10,6%; na energia, de 13,1% em termos anuais.

Olhando para a evolução mensal (na comparação entre Outubro e Novembro), o índice de preços aumentou em Novembro 0,1% em relação a Outubro, uma variação inferior à registada nos dois meses anteriores e igual à verificada em Agosto.

Crescimento mais baixo

A Fed divulgou também nesta quarta-feira as novas projecções económicas para este ano e os próximos três.

Se em relação à evolução do Produto Interno Bruto (PIB) no conjunto de 2022 a autoridade monetária está mais optimista do que em Setembro, já em relação a 2023 mostra-se mais pessimista, prevendo agora que o crescimento seja inferior ao que antecipava há três meses.

Para 2022, projecta uma variação anual do PIB de 0,5%, quando em Setembro apontava para 0,2%.

Para 2023, a projecção mais recente é de um crescimento de 0,5%. Embora seja igual ao de 2022, representa uma degradação da projecção, uma vez que em Setembro contava que a economia pudesse crescer em 1,2% em 2023.

Para 2024, aponta para uma variação do PIB de 1,6% (anteriormente previa 1,7%); para 2025 projecta um crescimento económico de 1,8% (idêntico à previsão anterior).

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