Kanye West corrige autodiagnóstico: não é bipolar, mas “ligeiramente autista”

Numa conversa com um canal de vídeos, o rapper declarou que há duas coisas que não consegue fazer: “Aceitar o ódio e odiar.”

Foto
Kanye West mudou legalmente o nome para Ye Reuters/JONATHAN ALCORN/arquivo

Kanye West, agora legalmente conhecido como Ye, foi diagnosticado com doença bipolar após uma emergência psiquiátrica, em 2016, que exigiu internamento. Depois disso, o rapper falou abertamente sobre essa condição, que chegou a descrever como o seu superpoder. Mas, agora, numa conversa com o canal X17 online Video, o artista negou ser bipolar, declarando ser antes "ligeiramente autista, como em Rain Man [Encontro de Irmãos]", referindo-se ao personagem de Dustin Hoffman.

"Para mim, acredito que de forma alguma sou bipolar, não estou em nenhum tipo de crise, mas posso ser ligeiramente autista como o Rain Man, e isso faz parte dos meus superpoderes!", disse West, que foi questionado quando saía do serviço de domingo da Igreja Cristã de Cornerstone, em Los Angeles, de cara totalmente tapada por uma máscara preta (o artista, que adoptou uma máscara do mesmo género em alguns concertos, passou a usar o acessório na sua vida quotidiana que, defende, lhe permite algum anonimato).

"Essa é a razão pela qual posso produzir músicas, desenhar e fazer tantas coisas. Mas há duas coisas que não consigo: não consigo aceitar o ódio e não consigo odiar", continua e isso explica o novo diagnóstico: "Alguma vez conheceu uma pessoa autista que odeie?".

Depois de se ter exibido, na Semana da Moda de Paris, com uma camisola em que se lia “White Lives Matter”, o slogan nascido em 2015 como resposta ao movimento Black Lives Matter (BLM) e, entretanto, adoptado por grupos supremacistas brancos, incluindo o Ku Klux Klan, West recorreu às redes sociais para deixar um protesto que foi lido como anti-semita e que lhe valeu a suspensão do Instagram e do Twitter: “Estou um pouco sonolento esta noite, mas quando acordar, vou ‘death con 3’ contra o povo judeu”, escreveu na altura.

A expressão “death con 3”, segundo várias fontes, estaria relacionada com o termo militar DEFCON, que avalia a prontidão de defesa, sendo interpretada como uma ameaça.

E, depois disso, uniu-se a Candace Owens, activista da direita norte-americana mais radical, na promoção do documentário A Maior Mentira Alguma Vez Vendida: George Floyd e a Ascensão do BLM (tradução literal).

Como resultado, o banco norte-americano JP Morgan Chase enviou uma carta ao rapper a rescindir a relação comercial entre ambos; várias etiquetas de moda anunciaram o fim das parcerias com o também designer​​; a Vogue cortou laços com Ye e a poderosa Anna Wintour baniu-o da lista dos amigos; a agência que o representava fez saber que não tem intenções de voltar a trabalhar com o artista; o escritório de advogados que assumia a sua defesa afastou-se; o estúdio que ia produzir o seu documentário optou por arrumar a ideia na gaveta; e centenas de celebridades, do mundo artístico, mas também de outras esferas, vieram a público pronunciarem-se em “defesa dos amigos judeus”.

A estocada final chegou com a Adidas, com quem Ye tinha assinado um contrato em 2013, que lhe permitira inscrever o seu nome entre os multimilionários. A empresa informou, a 25 de Outubro, que decidiu terminar a parceria com Kanye West com efeito imediato. “Os comentários e acções recentes de Ye têm sido inaceitáveis, odiosos e perigosos, e violam os valores da empresa de diversidade e inclusão, respeito mútuo e justiça”, avançou a empresa numa declaração, citada pela Bloomberg.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários