Cartas ao director

Cair que nem patinhos

No PÚBLICO de 26/11 — autoria de Azeredo Lopes — consta: “Não há dúvida de que os EUA, neste trágico concerto, são o maestro que detém a batuta. A guerra continua enquanto entenderem que deve continuar. Terá Biden ‘decidido’ que passará à história como o Presidente que derrotou a Rússia numa guerra e assim merecer a reeleição?”

Aproveitando a boleia, acrescento: Assim como Saddam foi enganado por Madeleine Albright (EUA), antes da invasão do Kuwait e Hillary Clinton instigou a guerra da Líbia (revelado no WikiLeaks), será que EUA e NATO, intencionalmente, criaram as condições para que que esta guerra se tornasse realidade? Rússia, Europa e Ucrânia, também caíram como patinhos? Quem suporta os custos, sofre e empobrece? Qual o país que, mais uma vez, beneficia com a guerra?

Ou escolhemos políticos que defendem a paz, a solidariedade e o meio ambiente ou, citando António Guterres, continuaremos a percorrer a auto-estrada para o inferno.

António Linhan, Londres

Falta de escrutínio

Miguel Alves já se demitiu, a respetiva cabeça já rolou na guilhotina mediática, mas o assunto não está encerrado. Ainda não sabemos para onde foram nem por onde andam os 300 mil euros, há dois anos transferidos da esfera pública para singelas mãos privadas, para uma empresa de um homem só, criada na hora, sem histórico nem atividade, entregues sem garantia ou contrapartida. Onde estão?Tresmalharam-se?

Na caricata entrevista que o protagonista fez para se defender, muito na base do “ou é burro, ou nos toma todos por burros”, havia uma verdade. Se ele não tivesse sido nomeado secretário de Estado, provavelmente o assunto não se teria mediatizado com a mesma amplitude. Que o diga também o recente secretário de Estado J. Maria Costa, que vê agora sair notícias sobre alguns negócios feitos durante os seus largos anos à frente da Câmara de Viana do Castelo.

É perfeitamente natural que a acrescida exposição e maiores responsabilidades políticas aumentem o nível de escrutínio e consequente ressonância mediática dos casos. Isso não é mau. O que é mau é todos os outros negócios e euros que se tresmalham de norte a sul, por pequenos reinos e expeditos reizinhos.
Os mais habilitados e mais interessados em denunciar são os mais diretamente afetados, os munícipes, sendo também verdade que muitos desses reinos são algo asfixiantes na reação ao questionamento do seu poder (quase) absoluto. Mais democracia e escrutínio, precisa-se!

Carlos Sampaio, Esposende

Ucrânia e Rússia

O estudo/análise do investigador prof. Dr. José Pedro Teixeira Fernandes publicado no PÚBLICO de 29/11 é suficientemente elucidativo sobre como os efeitos imediatos das sanções contra a Rússia têm tido pouco efeito sem garantias de eficácia no futuro, mas cujas consequências colaterais vão gradualmente entrando pelas nossas casas dentro.

Mais grave do que isto é o dilacerante e contínuo sofrimento de todo o povo ucraniano, ora marcado pela busca de acolhimento migratório, ora, mais recentemente, pelas agruras do Inverno que se avizinha, a que acresce a falta de eletricidade e de combustível.

Se a tudo isto acrescentarmos a fustigante e crescente destruição territorial da Ucrânia, que tanto Zelensky como o secretário-geral da NATO prenunciam, é altura de indagar de que vale falar de integridade nacional em detrimento de um imediato apelo à negociação política relativamente ao conflito.

Em termos político/bélicos, torna-se desnecessária uma paridade entre os beligerantes; basta, isso sim, o reconhecimento em como a guerra, mesmo que seja de responsabilidade de uma das partes — in casu a Rússia — não favorece qualquer dos intervenientes. Estamos no século XXI e será à mesa das negociações que em última instância se ajustarão as bases negociais.

António Bernardo Colaço, Lisboa

Preços da eletricidade

Pergunta a EDP se temos dúvidas, se discordamos, se precisamos de algum esclarecimento, etc,etc.
O que me admira é que, tendo este país um Governo que se diz socialista, permite estes aumentos, depois de saber que a população trabalhadora está a sofrer um aumento nos bens alimentares na ordem dos 20% e que há setores como os da banca e seguros que actualizam os vencimentos dos trabalhadores (os administradores têm outro estatuto), com uns meros 2%, no bom estilo das esmolas de cerejeira... e quejandos!

Os administradores da EDP e funcionários que não pagam eletricidade e têm tudo elétrico em casa perguntam se concordamos com o aumento...

Este país perde o bom senso com a bola, mas perde a dignidade com estas perguntas cínicas.

Telmo Vieira

Sugerir correcção
Comentar