Tokaiev reeleito Presidente do Cazaquistão com mais de 80% dos votos

Vitória em eleições praticamente sem competição garante ao actual Presidente continuar a consolidar o seu poder.

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Tokaiev depois de votar nas eleições presidenciais antecipadas Reuters/KAZAKH PRESIDENTIAL PRESS SERVIC

O Presidente do Cazaquistão, Kassim-Jomart Tokaiev, garantiu a reeleição para um novo mandato de sete anos, depois de vencer confortavelmente as eleições presidenciais antecipadas de domingo. O objectivo do autocrata que sucedeu a Nursultan Nazarbaiev em 2019 é o de consolidar o seu poder no maior país da Ásia Central.

Os dados preliminares das autoridades eleitorais mostram que Tokaiev obteve mais de 81% dos votos, superando a votação alcançada em 2019, quando recolheu 71%, mas, ainda assim, sem beliscar o score pessoal de Nazarbaiev, que em 2015 chegava aos 98%.

Tokaiev teve a concorrência de cinco outros candidatos, mas nenhum era conhecido ou sequer verdadeiramente representante da oposição política ao regime. Foram detidas dezenas de pessoas que participaram num pequeno protesto em Alma-Ata, contestando as condições em que as eleições foram disputadas, noticia a Rádio Europa Livre.

Os observadores eleitorais da missão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) lamentaram que as suas recomendações “relativas às liberdades fundamentais e às condições de elegibilidade e de inscrição de candidatos” tenham “ficado por implementar”. A agência France Press diz ter testemunhado um grande número de eleitores a tirar fotografias em frente aos locais de voto, com a justificação de que são “obrigados” a provar que votaram aos seus empregadores.

A vitória de Tokaiev acontece depois da onda de protestos inéditos que em Janeiro deixou o Cazaquistão numa situação caótica. O que começou como um protesto contra o encarecimento dos combustíveis degenerou numa série de tumultos espalhados pelo país que chegaram a ameaçar o controlo do regime. Mais de 220 pessoas morreram durante a repressão das manifestações.

Para pôr fim aos motins, Tokaiev pediu a intervenção da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (CSTO), uma aliança de natureza militar liderada pela Rússia.

Depois de conter os protestos, Tokaiev deu passos para apagar os resquícios de poder ainda nas mãos de Nazarbaiev, considerado o “pai da nação” e o artífice do sistema autoritário que governa o país de 20 milhões de habitantes. Em Junho, um referendo abriu o caminho para uma reforma constitucional que, entre outras alterações, retira ao anterior chefe de Estado o título de Presidente honorário.

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