BPI cria equipa para acompanhar impacto “significativo” da renegociação de créditos

Banco admite que momento “é muito delicado”, e promete cumprir, com “responsabilidade”, o diploma do Governo para apoiar famílias com dificuldades em suportar o aumento dos juros no crédito.

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João Pedro Oliveira e Costa , presidente do BPI, admite que o "momento é muito delicado", referindo-se à subida das taxas de juro LUSA/MIGUEL A. LOPES

O BPI já está” a fazer o trabalho de casa”, já criou “uma equipa multidisciplinar para acompanhar o impacto da subida das taxas de juro no crédito à habitação”, à semelhança do que fez na pandemia e nas moratórias de crédito, e promete cumprir com “responsabilidade” a medida aprovada pelo Governo para facilitar a renegociação de contratos por parte de clientes com taxas de esforço elevadas.

Estas foram algumas das declarações feitas esta sexta-feira pelo presidente executivo do banco, João Pedro Oliveira e Costa, que admite que o diploma “terá um impacto significativo na carteira de crédito à habitação”, não só no banco mas em todo o sector.

Recorde-se que o decreto-lei do Governo facilita a renegociação das condições dos empréstimos à habitação, associados às taxas Euribor e com montante em dívida até 300 mil euros, quando a taxa de esforço do cliente ultrapassar os 50% ou ainda se superar os 36%, neste último caso quando se verificar um agravamento desses encargos totais em cinco pontos percentuais devido à subida das taxas de juro, isto é, por comparação ao que pagavam um ano antes, ou se a soma de três pontos percentuais à taxa de juro inicial do contrato à habitação resultar numa taxa de esforço acima de 36%. Esta renegociação terá de ser feita sem encargos, nem subida de taxas de juro.

O responsável não quantificou o impacto que a subida das taxas de juro e as eventuais necessidades de renegociação dos empréstimos terá na carteira do banco, até porque a sua identificação está em curso, mas admite que os contratos dos “últimos seis, sete anos, os que têm prazos mais longos”, serão os mais afectados.

Questionado sobre a questão da “marcação” e “estigma” dos clientes que reestruturem os seus créditos - referida pelo presidente da Associação Portuguesa de Bancos, e pelo presidente do BCP -, João Pedro Oliveira e Costa foi cauteloso. Começou por dizer que não gostava da palavra “marcação”, embora diga compreender o contexto em que surge, e sobre se o cliente fica “estigmatizado” disse que, no BPI, “não” será o caso. Acrescentando ainda que se alguém pedir uma renegociação de um crédito no BPI “não é estritamente necessário que o banco passe a ter uma visão menos positiva desse cliente”.

No entanto, também salvaguardou que não faz sentido pedir logo outros créditos, dado que “não se pode encaminhar as pessoas para uma situação pior do que aquela em que já estavam”, o que deve também ser válido para empréstimos concedidos por outras entidades financeiras.

O CEO do banco que integra o grupo espanhol Caixabank admite que “o momento é muito delicado” e que a instituição será “suficientemente criativa para conseguir encontrar as soluções mais adequadas a cada cliente”.

E realçou “o forte investimento” feito nos últimos anos na promoção da taxa fixa para toda a vida do contrato, que pode chegar a 40 anos, uma oferta comercial que vão manter. O responsável disse ainda que, daquele investimento, resulta que 14% da carteira de crédito do BPI é a taxa fixa, bem acima da média do sector, e que 30% das novas contratações ao longo do corrente ano foram feitas com essas taxas.

O BPI registou lucros de 268 milhões de euros até Setembro, uma subida de 18% face aos 242 milhões de euros registados no mesmo período de 2021. A actividade em Portugal contribuiu com 159 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 25% relativamente ao período homólogo. Com Lusa

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