BE saiu da reunião com Governo sobre OE2023 a falar em “simulacro”

O líder parlamentar do Bloco esteve reunido esta sexta-feira com membros do Governo para discutir o OE2023. No entanto, saiu do encontro sem perspectivas de um diálogo construtivo, insistindo que os encontros são apenas um “simulacro” organizado pelo primeiro-ministro.

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Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do BE LUSA/ANTÓNIO COTRIM

“Um simulacro” face a “um Orçamento do Estado que mais parece feito pela direita”. Foi assim que Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, resumiu o encontro de 30 minutos que decorreu ao início desta tarde com o Governo para a discussão do Orçamento do Estado para 2023. Para o bloquista, a reunião com o executivo não foi uma verdadeira tentativa de diálogo, mas “um simulacro” para o qual o Bloco de Esquerda “não irá continuar a contribuir”. “Se o Governo quisesse políticas diferentes tinha apresentado um orçamento diferente”, argumentou.

Independentemente dos sinais de abertura ao diálogo que possam estar a ser dados pelo Governo (apoiado por uma maioria parlamentar do PS), Pedro Filipe Soares lembrou que “o primeiro-ministro resumiu bem a forma de estar do PS: pode-se dialogar, mas depois o PS vota”, numa alusão ao discurso de António Costa nas jornadas parlamentares do PS, quando o primeiro-ministro disse que a palavra-chave em “maioria de diálogo” é “maioria”. Isto é, o Bloco não acredita que os encontros que o Governo está a ter com os partidos se traduzirão em compromissos concretos.

O líder parlamentar repetiu as críticas já deixadas após o primeiro encontro com o ministro das Finanças, Fernando Medina, acrescentando-lhe as notícias mais recentes sobre as consequências do aumento dos preços dos bens essenciais. “Um Orçamento que assume cortar pensões e salários falha os objectivos e é um Orçamento de empobrecimento”, disse. “Esta não pode ser uma solução no momento em que a crise se está a alastrar e em que temos pessoas a furtar latas de atum e leite nos supermercados porque não têm dinheiro para dar de comer às suas crianças”, acrescentou.

Questionado pelos jornalistas sobre as propostas que o BE tinha levado ao encontro, Pedro Filipe Soares respondeu que dificilmente os bloquistas podem “ser parte de um orçamento que faz estas maldades à vida das pessoas”. Por essa razão, o líder parlamentar nem espera que existam mais encontros entre o Governo e o BE.

“Consideramos que elas não fazem sentido neste contexto em que o Governo apresentou um Orçamento mais próximo de um acordo com o PSD ou com a direita do que com o Bloco de Esquerda. Não faz sentido tentar simular um diálogo que não existe”, insistiu.

De acordo com Pedro Filipe Soares “não faz sentido esperar coisas diferentes daquelas que estão em cima da mesa e que o PS não fez ao engano”. “Ninguém acredita que as escolhas estruturais do OE apresentadas foram porque alguém tropeçou e trocaram a pen [do OE] a caminho da Assembleia da República”, ironizou.

“As propostas que o BE apresentou são públicas. Discutimos posições políticas que são conhecidas. A reunião foi curta, não dava para fazer grandes fundamentos neste contexto”, continuou o líder parlamentar do BE. “Estamos em posições opostas no que toca às soluções económicas. Claramente o PS não quer escutar”, concluiu.

Segundo a Lusa, a ronda de encontros entre o executivo e os partidos está – até agora – circunscrita à esquerda, não havendo detalhes sobre se se estenderá às políticas à direita do PS: PSD, Chega e Iniciativa Liberal.

A proposta do OE2023 vai ser debatida na generalidade no Parlamento nos próximos dias 26 e 27 e a votação final global está agendada para 25 de Novembro.

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