Bolsonaro admite descontentamento da população e diz que vai usar pandemia como trunfo

O Presidente do Brasil disse acreditar que o seu partido vai “fazer boas alianças para ganhar as eleições” e que terá “muita coisa boa para apresentar”, citando a deflação, a descida do preço da gasolina e a diminuição da violência.

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"Há mudanças que podem vir para pior", avisa Bolsonaro antes da segunda volta Reuters, Joana Gonçalves

Horas depois de conhecidos os resultados da primeira volta das eleições presidenciais do Brasil, Jair Bolsonaro discursou em São Paulo e disse ver uma “vontade de mudança” no povo brasileiro. Sublinhou, porém, que “há mudanças que podem vir para pior”, acenando com a experiência de países como a Argentina e a Venezuela.

“Vencemos a mentira no dia de hoje”, referiu, criticando as empresas de sondagem que davam Lula acima dos 50% de votos (ficou-se pelos 48%). “As mudanças que alguns querem podem ser pior”, afirmou novamente.

“Temos uma segunda volta pela frente, onde tudo passa a ser igual, o tempo para cada lado passa a ser igual e nós vamos mostrar melhor para a população brasileira, em especial a classe mais afectada, que a consequência da política do ‘fique em casa’ [medidas anticovid-19], da economia, a gente vê depois, é consequência de uma guerra lá de fora e de uma crise ideológica também”, disse.

Questionado sobre se confia nos resultados divulgados, disse que iria esperar pelo parecer das Forças Armadas, que fizeram parte de uma comissão de transparência eleitoral.

Bolsonaro diz que, nesta segunda volta, terá de apostar mais em lembrar as suas políticas durante a pandemia, políticas estas que foram fortemente criticadas dentro e fora do país. “Levando-se em conta os grandes países do mundo, é o que melhor se está saindo na construção da economia. O Brasil comprou 15 milhões de dólares de vacinas para quem se sentiu no dever de se vacinar”, continuou.

“Nós só temos dados positivos. Existe um sentimento na população que a vida não ficou igual ao que estava antes da pandemia, ficou um pouco pior. E a tendência é sempre procurar um responsável, neste caso o chefe do executivo. Neste segundo turno, vamos mostrar que a mudança que eles estão buscando vai ser para pior”, disse.

Bolsonaro disse ainda acreditar que o seu partido vai “fazer boas alianças para ganhar as eleições” e que terá “muita coisa boa para apresentar”, citando a deflação, a descida do preço da gasolina e a diminuição da violência, por exemplo. O actual Presidente diz estar preocupado com a “liberdade do Brasil”.

Lula da Silva liderou as sondagens com uma margem relevante e parecia ter hipóteses de vencer na primeira volta, mas os números divulgados pelos principais institutos de pesquisa no país não se confirmaram nas urnas e a diferença entre Lula e Bolsonaro ficou em cerca de 4,5 pontos percentuais.

O ex-Presidente terminou com pouco mais de 48% dos votos, enquanto as sondagens do DataFolha e o Ipec indicavam, respectivamente, que o candidato tinha entre 50% e 51%. Já a votação de Bolsonaro ficou muito acima do que indicavam os mesmos estudos, que lhe davam entre 36% e 35%, mas terminou com pouco mais de 43% dos votos válidos. A diferença entre os candidatos foi de cerca de 6 milhões de votos.

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