À procura de votos, Bolsonaro começa a arrepender-se das suas declarações

Numa entrevista, o Presidente brasileiro disse ter perdido a cabeça ao desvalorizar as mortes associadas à covid-19 e ao emitir posições machistas.

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Bolsonaro espera captar mais votos entre o eleitorado feminino DIEGO VARA / Reuters

Com as sondagens a evidenciarem um favoritismo sólido do ex-Presidente Lula da Silva nas eleições presidenciais, o actual chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, tentou demarcar-se de algumas das suas declarações mais polémicas dos últimos anos.

Confrontado com a ocasião em que, em Abril de 2020, afirmou não ser coveiro para comentar a subida de mortes associadas à covid-19, Bolsonaro disse arrepender-se da forma como se expressou. “Dei uma aloprada [expressão idiomática que corresponde a “perder a cabeça” em sentido figurado]. Perdi a linha”, afirmou. “A questão do coveiro eu retiraria”, acrescentou.

O Presidente brasileiro também admitiu ter errado quando se referiu ao nascimento da sua filha, após quatro filhos do sexo masculino, como uma “fraquejada”. “Pisei na bola”, afirmou, justificando, no entanto, que se trata de uma “brincadeira entre homens”. “Não falo mais isso para ninguém”, garantiu.

A pouco mais de duas semanas da primeira volta das eleições presidenciais, as sondagens continuam a mostrar um cenário extremamente adverso para Bolsonaro, que pretende ser reconduzido para um segundo mandato. Lula mantém uma vantagem considerável face ao actual Presidente, não sendo sequer possível excluir uma vitória logo à primeira volta.

Um dos dados mais preocupantes para a campanha de Bolsonaro é o reduzido apoio entre o eleitorado feminino. Uma sondagem publicada pelo jornal Globo mostra que apenas 28% das mulheres dizem votar no actual Presidente, contra 48% que se inclinam para Lula.

Na mesma entrevista, concedida a um grupo de podcasts direccionados para os jovens evangélicos, Bolsonaro garantiu que irá aceitar uma eventual derrota, desde que as eleições sejam “limpas”. As constantes críticas do Presidente ao sistema de voto electrónico têm alimentado os receios de que as alegações de uma suposta fraude possam sustentar a rejeição de um resultado adverso por parte de Bolsonaro.

“Se essa [a vitória] for a vontade de Deus, eu continuo. Se não for, a gente passa aí a faixa e vou-me recolher, porque, com a minha idade, não tenho mais nada a fazer aqui na terra se acabar essa minha passagem pela política”, afirmou.

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