Portugal junta-se a marcha internacional pelas vítimas das cheias no Paquistão esta sexta-feira

Em resposta à chamada internacional #PakistanIsOurStory, há concentrações marcadas também na Califórnia, Camarões, República Democrática do Congo, Dinamarca, Alemanha, Roménia, Suíça, e Washington. Em Portugal a marcha parte do Rossio, passando pelo Martim Moniz.

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Activistas pedem apoio urgente: o “Paquistão está no meio de uma catástrofe climática sem precedentes” EPA/WAQAR HUSSEIN

Esta sexta-feira, activistas de todo o mundo vão sair à rua em solidariedade com os mais afectados nas cheias do Paquistão, pedindo em simultâneo o fim dos combustíveis fósseis e reparações climáticas para o Paquistão, começando com o cancelamento incondicional de todas as suas dívidas externas.

O apelo à acção foi publicado no site this-is-our-story.org e afirma que “é altura da sociedade responsabilizar os países e empresas que colonizaram, exploraram, e ainda lucram com a destruição do clima, com a crise ecológica, e com crimes contra a humanidade que continuam a causar”.

Em Portugal, o colectivo Climáximo associa-se ao protesto com uma marcha que parte às 10h do Rossio, passando pelo Martim Moniz até à Avenida Almirante Reis, uma zona da cidade onde se concentra a comunidade paquistanesa. “O Paquistão está no meio de uma catástrofe climática sem precedentes”, escrevem os activistas em comunicado, descrevendo a situação vivida nos últimos meses no país que foi profundamente afectado por ondas de calor extremas, longos cortes de energia, chuvas das monções combinadas com o rebentamento de calotas glaciares, e inundações sem precedentes.

No início de Setembro, a revista científica Nature escreveu que o Paquistão enfrenta as suas “piores inundações deste século”. Pelo menos um terço do território ficou submerso. Uma onda de calor extremamente intensa, que se fez sentir entre Abril e Maio, derreteu glaciares nas regiões montanhosas da zona Norte do país asiático, antes de ter dado lugar a uma época de monções particularmente forte.

“Estes acontecimentos não só anunciam o futuro distópico que se avizinha, mas também mostram que muito desse futuro já é hoje uma realidade”, escreve o colectivo Climáximo em comunicado.

Mais de 2 milhões de hectares de terras agrícolas foram destruídos, provocando receios de uma enorme escassez de alimentos nos próximos meses. Pelo menos 35 milhões de pessoas foram deslocadas.

“Na província de Sindh, que produz metade dos alimentos do país, 90% das colheitas estão arruinadas”, escreveu Mustafa Nawaz Khokar, senadora paquistanesa, esta semana no jornal britânico The Guardian. “A catástrofe climática está agora à vista, para todos verem”, acrescentou.

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, estará a partir desta sexta-feira no Paquistão numa viagem para expressar a sua solidariedade aos paquistaneses Guterres pretende angariar 160 milhões de dólares (cerca de 159 milhões de euros) para ajudar o país nos esforços de reconstrução.

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Em Maio registaram-se temperaturas de 51 graus Celsius na cidade de Jacobabad, no Paquistão, que foi nomeada a cidade mais quente do mundo. Agora recebe milhares de deslocados das cheias em que já morreram mais de 1000 pessoas. 
 

Reuters,Vera Moutinho

Para os activistas que saem à rua esta sexta-feira em protesto, é preciso ir mais longe do que a angariação de fundos. “Os povos do Paquistão causaram menos de 0,5% de todas as emissões globais de CO2, mas estão a pagar com as suas vidas os erros dos criminosos climáticos”, escreve o Climáximo em comunicado.

“Não somos responsáveis pelas alterações climáticas da mesma forma que os EUA, China, Rússia e Europa. O Paquistão pode parecer uma realidade distante neste momento, mas o que está a acontecer no nosso solo é o futuro do resto do mundo, se não pararmos de queimar combustíveis fósseis. Acorda”, partilhou a activista paquistanesa Ayisha Siddiqa, na rede social Twitter.

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