NASA substitui isolamento do foguetão da Ártemis I, mas não tem nova data de lançamento

Depois do cancelamento do lançamento da Ártemis I no último sábado, a NASA começa agora as correcções ao foguetão Space Launch System. As próximas janelas de lançamento são no final de Setembro e a meio de Outubro.

Foto
O foguetão SLS continuará na plataforma de lançamento para as primeiras reparações, depois do cancelamento do voo no último sábado STEVE NESIUS/REUTERS

O limite para as primeiras tentativas de lançamento da Ártemis I esgotou-se esta terça-feira, 6 de Setembro. A notícia de que a missão não ia avançar neste período já remonta ao último sábado, quando o segundo ensaio para a descolagem voltou a esbarrar numa nova fuga de hidrogénio líquido. Esta terça-feira à noite, a NASA não acalentou expectativas com novas datas mas avisou que o primeiro passo será substituir o selo que isola a peça na qual foi identificada a fuga.

É a primeira proposta de resolução depois da análise mais pormenorizada à fuga de hidrogénio líquido, que a agência espacial norte-americana conduziu nos últimos três dias. Para já, o foguetão Space Launch System (SLS) vai manter-se na plataforma de lançamento para esta substituição, refere a agência espacial norte-americana em comunicado. A execução do trabalho neste bloco de partida permite que as equipas técnicas recolham um maior número de dados sobre a situação do SLS em condições criogénicas ou extremamente frias. Isto é algo que só conseguem testar e simular no local.

E só podemos testar hidrogénio líquido na plataforma de lançamento pelas condições que são necessárias para armazenar este combustível a temperaturas extremamente baixas (cerca de -252 graus Celsius). A comparação mais visual é dada pela NASA: em temperaturas ambiente, era como se colocássemos gelo no forno. É por isso que são necessárias infra-estruturas e sistemas de refrigeração tão complexos – e que só estão presentes no local de descolagem.

“O hidrogénio líquido tem de ser armazenado a pressões elevadas e, acima de tudo, a temperaturas criogénicas, ou seja, muito negativas. Tal implica que o hidrogénio só possa ser colocado no foguetão no momento do lançamento”, explica Fernando Lau, investigador do Instituto Superior Técnico.

Nem tudo é bom nesta opção de deixar o SLS no complexo 39B do Centro Espacial Kennedy, na Florida. A manutenção do foguetão na plataforma de lançamento comporta riscos. O mais preocupante, e para o qual o responsável pela missão Ártemis I, Mike Sarafin, alertou em conferência de imprensa no último sábado, é a meteorologia. “O trabalho no bloco exige que os técnicos construam uma cobertura em torno daquela área para proteger o equipamento de tempestades ou condições meteorológicas adversas”, escreve a NASA num comunicado publicado esta terça-feira.

SLS vai voltar à “oficina"

Isto não retira a necessidade de levar o foguetão de volta à “oficina”, para fazer reparações que não necessitam de utilizar as instalações criogénicas que apenas existem na plataforma de lançamento, bem como para realizar os testes aos sistemas de voo do foguetão.

Como não partiu até esta terça-feira, os testes que confirmam a segurança da viagem têm de ser renovados. Os testes a estes sistemas têm uma validade de 25 dias.

Além destas garantias, a NASA adianta que serão verificados os selos e coberturas de outras peças importantes na conexão entre componentes do foguetão, para garantir que não existem fugas nesses locais – como sucedeu nas primeiras duas tentativas de lançamento da Ártemis I.

A promessa é de que a segurança estará sempre em primeiro lugar, como reforçou Bill Nelson, administrador da agência norte-americana, na reacção aos dois voos cancelados. “Vamos quando estivermos prontos, e nunca antes disso. Temos de ter a certeza de que é seguro antes de colocarmos humanos lá”, disse este sábado.

A Ártemis I é um dos programas com metas mais ambiciosas desde a corrida espacial dos anos 1960 que colocou pela primeira vez um homem na Lua, na missão Apolo 11. Este novo programa espacial quer regressar à Lua e dar o salto para Marte, sendo a Ártemis I a primeira etapa desta longa jornada de exploração espacial.

Esta primeira missão não leva astronautas a bordo – isso está reservado para a Ártemis II. O foguetão SLS vai levar a Órion ao espaço, num teste de voo não tripulado em torno da Lua: um ensaio no espaço para garantir que tudo funciona correctamente. Quando será? Ainda não sabemos. Depois deste adiamento, as duas próximas oportunidades para lançar a Ártemis I são no final de Setembro (26 e 27) e a meio de Outubro – tudo dependerá da resolução dos problemas identificados no foguetão SLS.

Sugerir correcção
Comentar