Coimbra integra novo projecto europeu para desenvolver materiais recicláveis inovadores

Para responder ao desafio de criar novos materiais que sejam funcionalmente competitivos e altamente recicláveis, será aproveitado o potencial de mais de 50 infra-estruturas de investigação analítica de uma rede europeia.

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A electrónica de consumo gera toneladas de lixo SRDJAN ZIVULOVIC/REUTERS

A Universidade de Coimbra (UC) é um dos principais parceiros de um projecto científico europeu, recentemente lançado, que visa desenvolver materiais recicláveis inovadores para componentes-chave em áreas diversas, a um nível sem precedentes.

De acordo com uma nota de imprensa da UC, a plataforma, intitulada ReMade@ARI, reúne 40 parceiros (incluindo o Centro de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), através do LaserLab Coimbra), é liderado pelo centro alemão Helmholtz-Zentrum Dresden-Rossendorf e tem um orçamento global de 13,8 milhões de euros, financiado pela União Europeia (UE). Citado no comunicado, Rui Fausto, um dos coordenadores do projecto em Portugal e professor catedrático no Departamento de Química da FCTUC, explicou que a nova plataforma “vai oferecer aos cientistas um serviço completo, colaborando com eles de perto para identificar as propriedades relevantes a serem analisadas, de modo a desenvolver o material ideal para uma finalidade específica”.

“As infra-estruturas de pesquisa mais adequadas para medir essas propriedades serão identificadas entre o conjunto de instalações únicas da Europa que integram o consórcio”, frisou Rui Fausto. Segundo o consórcio promotor do projecto, com o objectivo de promover uma abordagem abrangente da produção e produtos sustentáveis, a ReMade@ARI visa “alavancar o desenvolvimento de materiais inovadores e sustentáveis para componentes-chave nos mais diversos sectores, como o de materiais electrónicos, baterias, veículos, construção, embalagens, plásticos, têxteis e alimentos, a um nível sem precedentes”.

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Rui Fausto DR

“Para responder ao desafio de criar novos materiais que sejam funcionalmente competitivos e altamente recicláveis, será aproveitado o potencial de mais de 50 infra-estruturas de investigação analítica da rede europeia ARIE”, acrescentou. O consórcio europeu deu o exemplo do que sucede num supermercado, em que as frutas e legumes “são frequentemente embalados em plásticos para prolongar a sua vida útil”, contrapondo que, no futuro, “os materiais de base biológica derivados da madeira poderão constituir uma alternativa sustentável”.

De acordo com o consórcio científico, é aqui que a nova plataforma entra em acção: “A investigação que leva ao desenvolvimento de novos materiais sofisticados depende crucialmente do acesso às infra-estruturas de investigação europeias de classe mundial”, unidas na ReMade@ARI. “Fornecemos aos cientistas, que estão a trabalhar em projectos de desenvolvimento de novos materiais recicláveis, ferramentas analíticas que lhes permitem explorar as propriedades e a estrutura dos seus materiais ao mínimo detalhe, incluindo resolução atómica”, explicou, também citado no comunicado, Stefan Facsko, coordenador científico do projecto.

“Isso requer a exploração dos mais diversos métodos analíticos, envolvendo combinações apropriadas de fotões, electrões, neutrões, iões, positrões e campos magnéticos muito elevados”, enfatizou. Assim, qualquer cientista, “com ligações quer à academia quer à indústria, que trabalhe em novos materiais recicláveis”, pode entrar em contacto com o consórcio. “Será dada especial atenção aos cientistas que trabalhem em domínios de investigação em que o potencial das infra-estruturas de investigação ainda não foi explorado”.

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