Irão continua a investir na produção de urânio enriquecido, alerta agência

A informação surge numa altura em que os EUA e a União Europeia tentam recuperar um acordo nuclear com o Irão para limitar o enriquecimento de urânio. As potências ocidentais preocupam-se com o facto de o Irão estar a avançar para a possibilidade de fabricar bombas nucleares.

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Central nuclear iraniana em Bushehr, sul do Irão, em 2010 EPA/ABEDIN TAHERKENAREH

O Irão continua a avançar com os seus planos para produzir urânio enriquecido em complexos subterrâneos, numa altura em que os Estados Unidos e a União Europeia tentam recuperar o histórico acordo sobre o programa nuclear do país, assinado em 2015. A informação surge num relatório da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) visto pela agência Reuters esta segunda-feira.

Segundo o relatório, um de três clusters de centrifugadoras avançadas IR-6, que foram recentemente instaladas na Fábrica de Enriquecimento de Combustível Subterrâneo (FEP), em Natanz, começou a trabalhar. mais de um ano que o Irão utiliza centrifugadoras IR-6 para enriquecer urânio até 60% de pureza em Natanz.

​No mês passado, um segundo cluster de IR-6 em Fordow, um local enterrado dentro de uma montanha, começou a enriquecer urânio até 20%.

O IR-6 é modelo mais avançado destas centrifugadoras, mais eficiente do que as IR-1 de primeira geração.

No relatório confidencial, endereçado aos estados membros das Nações Unidas, a AIEA nota que “a 28 de Agosto de 2022, a Agência verificou que o Irão estava a alimentar o UF6 enriquecido com até 2% U-235 no FEP.” O hexafluoreto de urânio (UF6) é o gás que as centrifugadoras enriquecem.

A informação surge numa altura em que o Irão e os Estados Unidos estão a tentar reavivar o acordo de 2015, que colocou restrições às actividades nucleares do Irão em troca do levantamento das sanções contra Teerão. Esse acordo foi desfeito quando Donald Trump anunciou a saída dos EUA do pacto, em 2018.

Após mais de um ano de conversações, o Irão está a analisar um compromisso apresentado pela União Europeia, que está a coordenar as conversações entre os dois países.

Um acordo implicaria desfazer grande parte do trabalho de enriquecimento que o Irão tem vindo a fazer nos últimos anos, e limitar o seu enriquecimento a 3,67% de pureza.

As potências ocidentais preocupam-se com o facto de o Irão estar a avançar para a possibilidade de fabricar bombas nucleares. O Irão nega qualquer intenção nesse sentido.

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