A família de Archie está “devastada”: suporte de vida da criança será desligado às 10h de sábado

Archie Battersbee está em coma desde Abril. A decisão de desligar as máquinas tem sido adiada até esta sexta-feira: o suporte de vida da criança será desligado pelas 10h de sábado. “A família está devastada”, disse um porta-voz.

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Os pais têm até às 14h desta sexta-feira para apresentar um novo recurso EPA/ANDY RAIN

O menino inglês Archie Battersbee está em coma, no hospital Royal London, desde Abril. A decisão de desligar as máquinas, dado o seu estado de morte cerebral, tem sido adiada, numa batalha legal entre a família e o hospital. No entanto, ao final desta sexta-feira, foi tomada uma decisão: o suporte de vida de Archie será desligado às 10h de sábado, avançou a imprensa britânica.

Segundo a SIC Notícias, que cita os órgãos de comunicação britânicos, um porta-voz da família informou que foram esgotados todos os recursos legais e que “a família está devastada e a aproveitar os últimos momentos com Archie”.

Na quinta-feira, os pais pediram para o menino de 12 anos ser transferido para uma unidade de cuidados paliativos. Mas o Supremo Tribunal de Justiça, em Londres, não autorizou o pedido, avançou a Sky News. Os pais, Hollie Dance e Paul Battersbee, tiveram até às 14h desta sexta-feira para recorrer da decisão tomada pelo Supremo Tribunal.

Apesar de o terem feito, a instituição acabou por recusar, alegando que a transferência “não é do melhor interesse” da criança e apresenta riscos “imprevisíveis”. Os especialistas médicos ouvidos pelo tribunal, na sequência do pedido submetido na quinta-feira, defenderam que a mudança para uma unidade de cuidados paliativos podia ser “arriscada e imprevisível”. “O melhor para o Archie é o que deve estar no centro das conclusões a que este tribunal chegue”, defendeu a juíza Justice Theis, que acredita que o rapaz deve ficar internado no hospital até que sejam desligadas as máquinas.

A decisão é semelhante à que já havia sido tomada pelo mesmo tribunal em Julho: Archie deve permanecer no hospital Royal London no processo de retirado do suporte artificial de vida. O Bars Health NHS Trust, que gere o hospital onde a criança se encontra, tem alertado contra a transferência, por considerar que a sua condição de saúde é demasiado instável.

Se Archie for transportado de ambulância para outro local pode, “muito provavelmente, acelerar a deterioração prematura [do seu estado de saúde], que a família deseja evitar”, mesmo que sejam utilizados todos os meios à disposição. Já havia uma unidade de cuidados paliativos disposta a receber o menino.

Apesar de reconhecerem os riscos envolvidos, os pais do menor defendem que estão preparados para transferir o filho, sendo que a mãe revelou que a família desejava “passar os últimos momentos” em privado.

O hospital Royal London acedeu a alguns pedidos da família que vão garantir “os melhores interesses de Archie para permitir que morra pacificamente e de forma privada junto da família que amava”. A juíza concluiu ao reconhecer que sabe “a enormidade de o que esperam os pais e a família de Archie”, mas diz “esperar que lhe seja dada a oportunidade de morrer em paz”.

Batalha legal

Nas últimas semanas, o casal até já apelou aos Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) para que adiasse a retirada do suporte artificial de vida, mas o pedido foi rejeitado. O tribunal europeu recusou-se a interferir com decisões dos “tribunais nacionais”. No entanto, avança a imprensa britânica, a família está a considerar voltar a recorrer ao TEDH.

Hollie Dance e Paul Battersbee prometem continuar a lutar até ao fim, por quererem ver o filho morrer “com dignidade”. A mãe está convicta de que a causa da lesão cerebral do filho foi o desafio online “Blackout Challenge”, que terá viralizado no TikTok, a partir do ano passado.

A 7 de Abril, Hollie Dance​ encontrou o filho inconsciente em casa, em Southend-on-Sea, Essex. O rapaz tinha sofrido uma lesão cerebral depois de ter feito o desafio em causa, no qual os participantes são incentivados a asfixiar-se até perderem a consciência. A família conta que a criança era activa, praticante de artes marciais e ginástica. Era um “lutador nato”, descreve a mãe, citada pela BBC.

Na sequência do desafio, que já matou mais de 80 crianças e jovens, Archie acabou por ser transferido para o hospital Royal London, onde o diagnóstico é o de morte cerebral. Depois de os pais terem rejeitado um pedido por parte do Barts Health NHS Trust para realizar um teste de forma a verificar o estado da criança, o caso avançou para tribunal. Entretanto, a batalha judicial passou a focar-se na continuação do suporte artificial de vida.

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