Mais de 1500 migrantes chegaram à costa de Itália no fim-de-semana

A chegada de embarcações à pequena ilha italiana de Lampedusa, a mais próxima do continente africano, é contínua. Só aqui desembarcaram 900 pessoas no sábado.

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O navio Open Arms perto da costa de Lampedusa GUGLIELMO MANGIAPANE/Reuters

Mais de 1500 migrantes chegaram nas últimas horas à costa italiana, onde as forças de segurança resgataram cinco corpos, enquanto dois navios de organizações não-governamentais resgataram mais de 500 náufragos no Mediterrâneo, noticiou este domingo a agência EFE.

Segundo a mesma agência, um barco de pesca à deriva com 674 pessoas foi resgatado no sábado a 200 quilómetros da Calábria, no Sul de Itália, por um navio mercante, três barcos de patrulha da Guarda Costeira e uma unidade da Guarda das Finanças (polícia especial de Itália), que também encontraram cinco corpos a bordo da embarcação.

Os migrantes resgatados, muitos deles na água, foram transferidos num navio da guarda costeira para os portos da Calábria e da Sicília, após uma operação de salvamento em que também interveio um avião de patrulha marítima da Marinha, que fez o primeiro avistamento, e uma aeronave da Frontex.

A Guarda Costeira já tinha resgatado outros migrantes que estavam em barcos com condições precárias de navegação. Numa dessas operações, foi necessária a intervenção de um helicóptero da base aérea situada na Catânia para retirar uma mulher a precisar de cuidados médicos.

Entretanto, cerca de 900 migrantes, na sua maioria afegãos, paquistaneses, sudaneses, etíopes, somalis, nigerianos, senegaleses e eritreus da Líbia, desembarcaram no sábado na ilha de Lampedusa (Sul da Itália), cujo centro de acolhimento volta a estar sobrelotado com mais de 1300 pessoas, quando a sua capacidade é para cerca de 350.

Paralelamente, o navio humanitário Sea Watch 3 resgatou 428 pessoas em quatro operações realizadas no sábado depois de ter sido alertado pela ONG Alarm Phone, que recebe ligações de pessoas que encontram problemas enquanto navegam no Mediterrâneo Central.

“O Sea Watch 3 tem agora 428 pessoas a bordo, resgatadas de quatro barcos sobrelotados”, revelou a ONG alemã Sea Watch International no Twitter.

Também o navio humanitário Ocean Viking, da ONG SOS Mediterránee, realizou este domingo trabalhos de resgate “ao avistar um barco sobrelotado em águas internacionais, vindo da Líbia, com 87 pessoas, incluindo 57 menores desacompanhados que foram resgatados. Nenhum deles tinha colete salva-vidas.

Na semana passada, a sobrelotação e o estado de abandono do centro da ilha de Lampedusa, com cerca de 2000 pessoas e montanhas de lixo acumulado, levaram a Marinha italiana a enviar um navio para transferir cerca de 600 migrantes para outras cidades.

A chegada de embarcações à pequena ilha italiana, a mais próxima do continente africano, é contínua. Em alguns casos, os barcos chegam aqui depois de serem interceptados pela Guarda Costeira, mas na maioria das situações os migrantes chegam directamente às praias de Lampedusa.

“Lampedusa está em emergência”, declarou o líder da Liga, partido de extrema-direita, Matteo Salvini, que aproveitou a situação naquele centro para fazer campanha já a pensar nas eleições antecipadas convocadas em Itália, após a queda do Governo de Mário Draghi.

“A 25 de Setembro, os italianos poderão finalmente escolher a mudança: a segurança, a coragem e o controlo de fronteiras voltarão”, afirmou. Salvini foi ministro do Interior em 2018, altura em que proibiu o desembarque de navios com migrantes resgatados a bordo e tentou criminalizar o trabalho das ONG que tentam salvar vidas no Mediterrâneo.

O ano passado, o político começou mesmo a ser julgado por acusações de sequestro, por ter impedido o desembarque de 147 pessoas que estavam a bordo do navio Open Arms, da ONG com o mesmo nome, em Setembro de 2019.

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