Varíola-dos-macacos: Vacinar antes da exposição ao vírus pode fazer sentido, mas faltam vacinas

Segundo Margarida Tavares, neste momento, com o número de vacinas contra a varíola-dos-macacos disponíveis, Portugal não tem “uma alternativa muito diferente” do que a actual de vacinar os contactos próximos dos casos de infecção confirmados, um processo que se iniciou a 16 de Julho.

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Portugal recebeu 2700 doses de vacinas contra a infecção humana por vírus monkeypox Reuters/DADO RUVIC

A porta-voz da Direcção-Geral da Saúde (DGS) para a monkeypox afirmou este sábado que “pode fazer sentido” vacinar grupos da população antes da exposição ao vírus, uma possibilidade que depende do aumento de doses disponíveis.

“Prevejo que a muito breve prazo isso possa vir a fazer sentido e seja discutido internacionalmente e seja implementado em vários países. Precisámos, para ter mais tranquilidade a tomar esta medida, de mais vacinas”, disse à Lusa a especialista da DGS Margarida Tavares.

Segundo afirmou, neste momento, com o número de vacinas contra a varíola-dos-macacos disponíveis, Portugal não tem “uma alternativa muito diferente” do que a actual de vacinar os contactos próximos dos casos de infecção confirmados, um processo que se iniciou a 16 de Julho.

Portugal recebeu 2700 doses de vacinas contra a infecção humana por vírus monkeypox, doadas pela Comissão Europeia, através da HERA (Autoridade de Preparação e Resposta Sanitária).

Margarida Tavares, que é directora do Programa Nacional para as Infecções Sexualmente Transmissíveis e Infecção por VIH da DGS, manifestou-se esperançada que, em breve, o país possa ter mais vacinas, o que permitiria equacionar a vacinação de alguns grupos populacionais de pré-exposição ao vírus VMPX. “Não está, neste momento, disponível grande número de vacinas para comprar” a nível global, referiu a médica.

Portugal totaliza 588 casos confirmados de infecção pelo vírus monkeypox e, a nível global, foram reportados mais de 16 mil infecções em 75 países, o que levou o director-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar o surto como uma emergência de saúde pública de preocupação internacional neste sábado.

“Fomos um dos primeiros países [da Europa] afectados e bastante afectados. Durante muito tempo esteve confinada à região de Lisboa e Vale do Tejo, que tem mais de 80% dos casos reportados, mas, neste momento, começa a ser afectada a zona Norte, que também já tem um número significativo de casos”, referiu Margarida Tavares.

De acordo com a especialista, a explicação para o número de casos registados em Portugal é “muito simples” e tem a ver com o facto de, quase em simultâneo com a Inglaterra, ter sido “onde começou” o surto na Europa ocidental, tendo depois surgido noutros países como a Alemanha, Espanha, França e Países Baixos.

“Ao contrário de outros países, que continuam ainda num crescimento exponencial de casos, nós tivemos um crescimento grande no início, mas há muitas semanas que estamos a ter o mesmo número de casos por semana”, assegurou a especialista da DGS.

Segundo disse, Portugal não tem um problema de casos que não estão a ser diagnosticados, mas é “muito importante” que os profissionais de saúde notifiquem as infecções detectadas no sistema nacional de vigilância.

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