Portugal vai receber 2700 doses da vacina contra a varíola-dos-macacos

A União Europeia anunciou terça-feira a compra de mais 100 mil doses da vacina de terceira geração - 2700 delas serão enviadas para Portugal. A DGS está ainda a formular a norma onde serão dadas indicações sobre a administração da vacina.

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Portugal é o país da União Europeia com mais casos confirmados por milhão de habitantes Reuters/DADO RUVIC

Portugal vai receber cerca de 2700 doses de vacinas contra a varíola-dos-macacos. A informação foi confirmada pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) esta quarta-feira, não havendo ainda data para a recepção das mesmas. Estas doses pertencem às 110 mil compradas em conjunto pela Comissão Europeia e anunciadas esta terça-feira pela comissária europeia para a saúde.

Apesar de ainda não haver estratégia definida para a administração de vacinas, está a ser formulada uma norma com as indicações referentes à população que será vacinada e os moldes com que tal será feito. Ainda assim, as orientações não devem fugir ao que já foi anunciado noutros países ou recomendado pela Organização Mundial da Saúde: vacinar os contactos de risco e os profissionais de saúde.

“A coordenação do Programa Nacional de Vacinação e a Comissão Técnica de Vacinação, da DGS, e o Infarmed, estão a avaliar uma estratégia de vacinação para as doses que vierem a ser disponibilizadas para Portugal, estando a ser elaborada uma norma técnica que definirá de que forma será utilizada esta vacina”, reforça a DGS em resposta ao PÚBLICO.

A compra das vacinas pela Comissão Europeia estava anunciada desde final de Maio, tendo sido confirmada esta terça-feira. As vacinas serão distribuídas de forma proporcional à população dos diferentes países, sendo dada prioridade aos países com mais casos confirmados. Na União Europeia, Portugal é o segundo país com mais casos confirmados, apenas atrás de Espanha. No entanto, se olharmos para os casos confirmados por milhão de habitantes, Portugal é líder na União Europeia, sendo apenas ultrapassado por Gibraltar em todo o mundo (Gibraltar tem apenas um caso confirmado entre os seus 30 mil habitantes).

Esta quarta-feira, a DGS aumentou para 241 o número de pessoas infectadas em território português.

A vacina de terceira geração

A distribuição das vacinas será feita directamente pela Bavarian Nordic, fabricante dinamarquesa responsável por estas vacinas de terceira geração. A Imvanex, nome da vacina da Bavarian Nordic na Europa, não é uma vacina exclusivamente contra a varíola-dos-macacos. Esta vacina foi aprovada para conferir protecção contra a varíola humana em 2013, sendo que parece também ter eficácia contra a varíola-dos-macacos (monkeypox ou VMPX). Nos Estados Unidos, onde recebeu o nome de Jynneos, a vacina está aprovada para ambas as doenças.

A vacina tem uma vantagem em relação a outras gerações de vacinas contra a varíola - daí ser cunhada de vacina de terceira geração. A Imvanex tem uma forma modificada do vírus, mas que não causa doença nos humanos e não se consegue reproduzir nas células humanas. Mas, devido à sua parecença com o vírus da varíola, prevê-se que os anticorpos produzidos contra esse vírus também possam dar protecção contra o VMPX.

OMS recomenda vacinar contactos de risco

Esta terça-feira também a OMS avançou com uma orientação provisória para a vacinação contra o VMPX. A norma técnica que a DGS emitirá não deve fugir das recomendações avançadas pela OMS e já publicadas noutros países afectados pelo surto de VMPX.

Na orientação é excluída a vacinação de toda a população, sendo recomendada a vacinação dos contactos de risco e dos profissionais de saúde ou técnicos de diagnóstico. A OMS recomenda a administração de doses de vacinas de segunda ou terceira geração a contactos de casos confirmados ou suspeitos – até quatro dias após o contacto (ou até 14 dias caso não se desenvolvam sintomas).

Os contactos de risco são variados, incluindo proximidade com um caso no mesmo espaço físico sem usar equipamento de protecção adequado, respiração de gotículas (tosse, espirros) ou pó de locais contaminados, contacto físico directo com lesões, coabitação ou exposição a materiais contaminados (como toalhas, objectos ou roupa).

No caso dos profissionais de saúde ou de laboratórios de diagnóstico do VMPX, é recomendada a vacinação como medida preventiva para todos os que possam estar em risco de exposição.

No caso de crianças, grávidas ou pessoas imunocomprometidas também é recomendada a vacinação caso haja contacto com um caso confirmado ou suspeito, dado estarem em maior risco de desenvolver doença grave.

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