Zelensky afasta chefe da segurança Interna e procuradora-geral da República e acusa-os de “traição”

O Presidente ucraniano acusa Ivan Bakanov e Iryna Venediktova de terem funcionários nos seus departamentos que colaboram com o Estado russo. Deste modo, já destacou outras pessoas para ocuparem os seus cargos enquanto decorrem investigações.

Foto
A procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, que avaliava os crimes de guerra, foi afastada do cargo por Zelensky Reuters/PIROSCHKA VAN DE WOUW

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, suspendeu de funções, no passado domingo, Ivan Bakanov, líder dos serviços de segurança interna, e Iryna Venediktova, procuradora-geral da Ucrânia, na sequência de muitos casos, agora conhecidos, de membros dos seus departamentos que colaboravam com a Rússia. O Presidente acusa-os de “traição”.

“Estes crimes contra as fundações da segurança nacional do Estado e as ligações entre as forças de segurança ucranianas e os serviços especiais russos levantam questões muito graves sobre os seus líderes”, acrescentou Zelensky.

Ao contrário daquilo que havia sido dito sobre o alegado despedimento de Bakanov e Venediktova, um assessor de Zelensky esclareceu, esta segunda-feira, que os dois membros do seu governo, não foram formalmente demitidos, mas que se encontram suspensos, afastados das suas funções e a aguardar pelo desenvolvimento de investigações.

A dupla foi suspensa para garantir que não interferiria na investigação de pessoas dos seus departamentos, disse aos media ucranianos o subchefe de gabinete do Presidente da Ucrânia, Andriy Smyrnov. “Esperamos resultados mais concretos dos líderes desses dois departamentos, para que os consigamos limpar de colaboradores e traidores do Estado. No entanto, no sexto mês da guerra, continuamos a encontrar cada vez mais grupos deste tipo de pessoas”.

Na manhã desta segunda-feira foram apresentados os seus substitutos “temporários”. As alterações foram feitas através de um decreto-lei e, para o lugar de líder do Serviço de Segurança, o Presidente ucraniano nomeou Maliuk Vasyl, que até agora era subchefe desta unidade. Quanto ao Ministério Público, Oleksii Symonenko, vice-procurador-geral ucraniano passou a assumir funções interinas de procurador-geral.

Com base nos resultados das inspecções e investigações oficiais, Smyrnov disse que Zelensky decidirá se apresenta ou não uma moção ao Parlamento para demitir o procurador-geral e o chefe do Serviço de Segurança da Ucrânia. Contudo, quando questionado se os dois responsáveis poderiam regressar aos seus cargos, caso fossem sejam exonerados pela investigação, Smyrnov disse que a Ucrânia é um país que segue a lei e que, portanto, essa possibilidade não está afastada.

Ivan Bakanov é amigo de infância de Zelensky, segundo a agência Reuters, e Iryna Venediktova liderava o esforço para processar crimes de guerra russos na Ucrânia desde o início do conflito. O Presidente ucraniano justificou estes afastamentos com as alegações de que mais de 60 membros do gabinete da procuradora e dos serviços de informações “continuaram em território ocupado a trabalhar contra o Estado” ucraniano e de que “651 casos de traição e colaboração foram abertos contra autoridades policiais.”

Sugerir correcção
Ler 13 comentários