Afro-americano morto pela polícia foi baleado 60 vezes por oito agentes

Um afro-americano de 25 anos morreu atingido por 60 balas dos mais de 90 tiros disparados pela polícia quando fugia à polícia depois de uma infracção de trânsito. Polícias foram temporariamente suspensos, mas mantêm ordenado.

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Manifestantes protestam contra a polícia nas ruas de Akron, no Ohio Reuters/GAELEN MORSE
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Imagem captada da câmara de uniforme de um dos agentes da polícia Reuters/CITY OF AKRON
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Manifestantes protestam contra a polícia nas ruas de Akron, no Ohio Reuters/GAELEN MORSE
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Manifestantes protestam contra a polícia nas ruas de Akron, no Ohio Reuters/GAELEN MORSE
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Manifestantes protestam contra a polícia nas ruas de Akron, no Ohio Reuters/GAELEN MORSE
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Manifestantes protestam contra a polícia nas ruas de Akron, no Ohio Reuters/GAELEN MORSE

Vídeos divulgados este domingo pela polícia de Akron, no Ohio, confirmam que oito polícias dispararam 90 vezes contra um jovem afro-americano, de 25 anos, que fugiu depois de cometer uma infracção de trânsito. A morte de Jayland Walker, atingido por 60 das balas disparadas pelos agentes que o perseguiam, e a divulgação dos vídeos levou a que centenas de pessoas saíssem à rua em protesto nesta cidade perto de Cleveland, no norte dos Estados Unidos.

Numa conferência de imprensa no domingo, o chefe de polícia de Akron, Stephen Mylett, admitiu que as imagens eram “chocantes” e “difíceis de ver”.

Mylett disse que os agentes tentaram parar o veículo em que Jayland Walker viajava, às 12h30 do passado dia 27, alegadamente por ter cometido uma infracção de trânsito. Como este não parou, iniciaram uma perseguição de carro e, segundo a versão das autoridades, Walker terá disparado uma vez contra os polícias, algo que a família do jovem nega.

O chefe da polícia de Akron, Steve Mylett, também afirmou que Walker apenas pôs a mão na cintura quando estava a ser perseguido e que se virou ligeiramente para os polícias – antes de abrirem fogo contra ele. O jovem não tinha qualquer registo criminal.

Walker saiu do veículo e desatou a correr enquanto os agentes o perseguiam. Apesar de estar de costas e em fuga, foi considerado pelos agentes como “ameaça mortal”, segundo um comunicado divulgado na semana passada pela polícia de Akron. A vítima não conseguiu ir muito longe, depois de abandonar o veículo e foi declarado morto no parque de estacionamento para onde fugiu.

De acordo com a imprensa local, os polícias dispararam mais de 90 balas contra Walker. “Eles acertaram-lhe 60 vezes”, denunciou na rede social Twitter a organização Black Lives Matter.

Manifestantes começaram a concentrar-se em frente à câmara municipal e à esquadra da polícia em Akron logo na quarta-feira da semana passada. Para o presidente da organização americana de defesa dos direitos civis NAACP, Derrick Johnson, a morte de Walker foi “um assassinato”. “Este homem negro foi morto por uma possível infracção de trânsito. Isso não acontece com a população branca nos Estados Unidos”, acrescentou.

O advogado da família de Walker, Bobby DiCello, pediu que as manifestações fossem pacíficas e a marcha deste domingo assim foi, pacífica, excepto por um momento de tensão, em que os manifestantes se aproximaram de um cordão policial e insultaram os agentes.

​O autarca de Akron, Dan Horrigan, disse apoiar “totalmente o direito” dos habitantes a “exporem as suas queixas em público”, acrescentando estar “com o coração partido” pela morte de Walker. "Mas espero que as pessoas concordem que violência e destruição não são a solução”, disse Horrigan, numa conferência de imprensa, durante a qual também anunciou a abertura de uma investigação independente.

Alguns dos vídeos divulgados pela polícia na conferência de imprensa vieram das bodycams dos agentes. Os oito polícias envolvidos na morte foram suspensos administrativamente até ao fim do inquérito judicial, mas continuarão a receber o ordenado.

A câmara de Akron decidiu na quinta-feira cancelar o festival anual previsto para o fim-de-semana prolongado do feriado nacional americano, que se celebra esta segunda-feira, por considerar que “não era altura para festividades”.

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