Barcelona silencia megafones dos guias turísticos e condiciona tamanho dos grupos

A cidade chegou a acordo com associações de guias sobre boas práticas nas visitas. Grupos até 15 ou 30 pessoas, conforme os locais no centro histórico, redução do impacto acústico, trajectos que “minimizem os incómodos” para os cidadãos.

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EPA/ALEJANDRO GARCIA

Da cidade onde se proibiu fumar nas praias este Verão ou se prepara a taxa ambiental para os cruzeiros, continuam a sair medidas para requalificar o turismo e e relação deste com os cidadãos. Agora, há uma nova lista de 18 “boas práticas”, acordadas entre a autarquia de Barcelona e as associações de guias turísticos e que se destinam a “favorecer a convivência com a população residente” e a “cuidar dos recursos turísticos e do espaço público da cidade”. Em resumo, assinala-se em comunicado, “minimizar os incómodos para os cidadãos”. Entre as “boas práticas” incluem-se o fim da utilização de megafones pelos guias, o compromisso de não andar a “captar turistas na via pública” ou a adaptação dos grupos a menos de 30 pessoas (15 no caso das áreas históricas onde as ruas são muito estreitas).

O acordo entre o Ajuntament de Barcelona e as associações AGUICAT e APIT​, divulgado na semana passada, está pensado para um Verão de verdadeira retoma turística, em que a cidade espera atingir níveis de afluência turística similares aos registados antes da pandemia. “Melhorar a qualidade da experiência do visitante e a imagem externa da cidade” ou “valorizar e difundir o trabalho” dos guias de turismo habilitados e acreditados pelo governo da Catalunha são outros dos objectivos.

Os grupos de turistas devem ser limitados a menos de 30 pessoas, com o tamanho do grupo a ser “adaptado aos espaços visitados”. O uso de megafones deverá ser abandonado, sendo obrigatório o uso de sistemas de audioguias. Se se recorrer apenas à voz natural, nunca aos gritos.

Os itinerários devem também ser planificados de forma a “minimizar incómodos na vida quotidiana da cidade”. Aqui cabe a boa escolha dos pontos de início, paragens e fim dos passeios.

Fica também acordado o “compromisso” de não andar pelas ruas a tentar captar turistas para os passeios: devem ser fomentadas as visitas programadas e a compra antecipada.

Entre as várias medidas de princípio quanto a civilidade de turistas e profissionais, encontra-se a de “evitar condutas irrespeitosas no património arquitectónico”.

Uma das formas de melhorar a relação entre os grupos e a cidade passa também por “procurar locais mais espaçosos para as paragens” em que se transmitem informações e explicações, de preferência nunca “à frente de monumentos e espaços muito concorridos”, tentando-se evitar que coincidam vários grupos.

Há medidas mais precisas: “Deixar livre um mínimo de 50% da rua” e “em troços com sentido de circulação marcada, os grupos terão de circular pela direita em filas de duas ou de uma pessoa”. No centro histórico, são mesmo definidos cinco pontos para a paragem dos grupos ou de reagrupamento.

Uma boa parte das medidas está pensada para esta área da Ciutat Vella, que inclui o Bairro Gótico, Sant Pere, Santa Caterina, Ribera e Barceloneta. Nomeadamente, reforçam-se as limitações no muito concorrido mercado da Boqueria, nas Ramblas, e também nos de Santa Caterina e Sant Antoni: proibido acesso a grupos organizados de visitantes com mais de 15 pessoas às sextas e sábados, de 1 de Abril a 30 de Outubro.

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