Associação de restauração e animação nocturna quer que bairros históricos de Lisboa passem a pedonais

Presidente da APRBAN afirma que bairros históricos da cidade devem passar a ser “pedonais” contando simultaneamente com mais esplanadas de modo a obter-se turismo “com mais qualidade” em Lisboa.

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APRBAN defende ainda a redução de resíduos e a implementação de "uma política carbono zero" Ricardo Lopes

A Associação Portuguesa de Restaurantes, Bares e Animação Nocturna (APRBAN) defendeu esta sexta-feira que os bairros históricos de Lisboa devem passar a ser pedonais, sem trânsito automóvel e com mais esplanadas, para permitir “um turismo com mais qualidade”.

“A nossa preocupação nos bairros históricos seria de, cada vez mais, e como acontece em toda a Europa, esses bairros passarem a ser pedonais e estarem, cada vez mais, com esplanadas, para [...] não só o ruído reduzir substancialmente nos bairros históricos, como para podermos ter um turismo também com mais qualidade”, afirmou o presidente da APRBAN, Ricardo Tavares, referindo que a medida tem também a ver com sustentabilidade, inclusive com a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2), para uma pegada de carbono zero.

O presidente da APRBAN falava numa audição na 2.ª Comissão Permanente de Economia e Inovação e Turismo da Assembleia Municipal de Lisboa, no âmbito da elaboração do relatório sobre a recuperação económica da cidade pós-pandemia de covid-19, lembrando que a associação foi criada na sequência da greve de fome de empresários da restauração, bares e animação nocturna, realizada em Novembro de 2020 à frente da Assembleia da República, em protesto por apoios do Governo face às restrições da situação pandémica.

Aos deputados municipais, Ricardo Tavares disse que os empresários precisam de recuperar financeiramente do “rombo” que sofreram com a pandemia de covid-19, mas sublinhou que as futuras medidas também devem servir “para que o turismo possa evoluir e, cada vez, com mais qualidade”.

“Em termos de sustentabilidade, acreditamos que o turismo quando chega à cidade não tem propriamente uma visão muito positiva da mesma, porque olhamos e vemos o lixo e a insegurança, que acabamos por ter [...]. Claro que todos os portugueses são muito calorosos, os lisboetas mais ainda, e, depois, os turistas acabam por sair de cá com uma opinião muito positiva”, expôs este representante dos empresários da restauração, bares e animação nocturna.

Realçando a importância de estes três sectores de actividade económica funcionarem em complementaridade, o presidente da APRBAN afirmou que é preciso “ter horários que permitam a todos trabalhar e sem diferenciações de umas zonas para as outras”.

Relativamente aos bairros históricos, Ricardo Tavares referiu que já apresentou “medidas muito concretas” ao presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), inclusive “reduzir 90% dos resíduos” e implementar uma política de carbono zero, e propôs começar pelo Bairro Alto, tornando-o numa zona pedonal.

Questionado sobre o impacto da criação de zonas pedonais para quem vive e trabalha nestes territórios, o representante indicou que “a maioria dos bairros históricos tem alojamento local”, inclusive uma parte está a funcionar de forma ilegal, e os residentes são “muito poucos”, na ordem dos 20% das habitações existentes. Os empresários da restauração, bares e animação nocturna, acrescentou, estão “sempre a tentar ter a melhor relação possível com os moradores”.

“Tenho habitações dentro desses bairros históricos e estaciono lá dentro e dá-me jeito, mas se tiver que estacionar a 300 metros, eu também estaciono. Se isso for positivo para conseguirmos ter um bairro com um melhor ambiente e reduzir os níveis de dióxido de carbono, que estão elevadíssimos, vamos embora”, declarou Ricardo Tavares, acrescentando que à noite grande parte das deslocações são de transportes públicos, porque as pessoas “vão jantar, vão beber uns copos a seguir e não vão conduzir”.

Sobre a questão da segurança, o responsável apontou a necessidade de “um maior contingente” da Polícia de Segurança Pública (PSP) nestas zonas de diversão nocturna, para apostar na prevenção e agir contra “os falsos vendedores de droga”, que “mancham a imagem do país pelo mundo”. A cidade espanhola de Madrid, indicou, conseguiu travar essa actividade com um decreto municipal.

Quanto ao impacto da pandemia, a APRBAN estima que “cerca de 30%” das empresas de restauração, bares e animação nocturna acabem por encerrar, uma vez que a dinâmica económica ainda está aquém dos valores pré-pandemia, à excepção de Agosto e Setembro de 2021, “meses muito positivos”.

Como “lição da pandemia”, Ricardo Tavares apontou a evolução na forma de contratação dos trabalhadores: “Todos os empresários com quem tenho falado, neste momento, não têm colaboradores sem contrato, o que existia muito no passado - terem colaboradores a recibo verde.”

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