D. Afonso III e as ciclovias de Moedas

Mas sim, somos claramente insensíveis ao drama das ciclovias ou, pelo menos, de uma parte delas. E é bastante ingrato que se debata tão aprofundadamente e com tanto espaço na comunicação social um tema tão pouco relevante e que, depois, problemas bastante mais graves não consigam nunca ter destaque no debate público.

Estou em crer que, quando D. Afonso III de Portugal mandou a corte fazer as malas e mudar-se para Lisboa, estava longe de imaginar que 767 anos mais tarde se rasgariam vestes por avenidas fechadas ao trânsito aos domingos e por troços de ciclovia abolidos ou em vias de abolição. No entanto, também é possível que eu esteja enganada e que o rei, conhecido pela sua inteligência e pela prosperidade a que conduziu o país, tenha previsto esta possibilidade. Imagino-o até no seu leito de morte, de mão dada com D. Dinis, seu filho primogénito, a sussurrar: “Dinis, deixa a capital sossegada em Coimbra que esta gente aqui de Lisboa é toda muito umbiguista.”

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