Pegadas de dinossáurio de Pego Longo continuam ao abandono, 25 anos depois de classificadas como Monumento Natural
A degradação com destruição parcial da jazida agravou-se a um ritmo exponencial, sob o total abandono e negligência das entidades que tinham, por lei, obrigação de a vigiar e proteger.
Há precisamente 25 anos que, depois de uma luta contra a insensibilidade dos que têm o poder de decisão, o Dec. nº19/97, de 5 de Maio, classificou, como Monumento Natural, a importante jazida com pegadas de dinossáurios de Pego Longo (Sintra), na imediata vizinhança de Carenque (Amadora).
A primeira batalha que então se travou, pela salvaguarda desta jazida, foi com o governo central. Durou três anos, entre 1990 e 1993, com larga participação da comunicação social, e saldou-se por uma feliz vitória, concretizada com a abertura dos dois túneis da CREL, sob a grande laje que contém as pegadas, obra que custou cerca de oito milhões de euros à fazenda pública. Os túneis foram inaugurados em 1995.
Em 2001 a autarquia sintrense, sob a presidência da Dr.ª Edite Estrela, aprovou o projecto do “Museu e Centro de Interpretação de Pego Longo”, mas a sua execução nunca foi concretizada. Quando tudo se encaminhava no sentido da musealização do sítio, mudou a vereação do PS para o PSD e o projecto perdeu-se no fundo de uma qualquer gaveta. De 2001 para cá, ou seja, nos últimos 21 anos, não obstante as múltiplas diligências que nunca deixei de fazer, a degradação com destruição parcial da jazida agravou-se a um ritmo exponencial, sob o total abandono e negligência das entidades que tinham, por lei, obrigação de a vigiar e proteger, nomeadamente as duas últimas vereações da autarquia e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. Abandono e negligência que não estou na disposição de esquecer.
Em 2020, eu e um conjunto de geólogos e paleontólogos interpusemos uma providência cautelar junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra, que acabou condenando estas duas instituições a fazerem o que a lei, expressa no Dec. nº 19/97, determina que façam. Incompreensivelmente, estas duas instituições recorreram para a Relação.
Entretanto, a degradação da jazida continua.
Como escrevi há dois anos, estamos a viver um período em que temos outras urgências bem mais gritantes, sendo de bom senso que, pelo menos, se tente travar a degradação em curso, protegendo eficazmente a jazida, na espera de melhores dias.