António Costa aceita convite do primeiro-ministro ucraniano para ir a Kiev

O primeiro-ministro reuniu-se com o homólogo ucraniano por videoconferência. O encontro virtual durou quase uma hora.

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O primeiro-ministro foi convidado pelo homólogo ucraniano a visitar a capital ucraniana EPA/JOSE SENA GOULAO

António Costa irá a Kiev assinar um acordo de um apoio financeiro “substancial” à Ucrânia. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro português, no final de uma reunião por videoconferência com o homólogo ucraniano, Denys Shmygal. “Aceitei o convite”, afirmou Costa em declarações aos jornalistas, a partir da residência oficial do primeiro-ministro, no final de uma reunião que demorou quase 1h. Na visita, António Costa encontrar-se-á também com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. A data está fechada, mas só posteriormente será anunciada.

O valor do apoio também ainda não foi revelado. O primeiro-ministro destacou que as necessidades de financiamento da Ucrânia rondam os 5 mil milhões de euros por mês. “São necessidades muito avultadas e que exigem um esforço de toda a comunidade internacional”, sendo que, acrescentou, “Portugal não está em condições de responder a apoios desta dimensão, mas daremos uma contribuição substancial”. Esta quinta-feira, Costa participará, também por videoconferência, na Conferência Internacional de Doadores de Alto Nível para a Ucrânia para angariar fundos de resposta humanitária.

Questionado sobre o estado do pedido de adesão da Ucrânia à União Europeia, o primeiro-ministro afirma ainda que há dois passos que podem ser dados imediatamente, sendo um deles a União Europeia assumir “um compromisso quantificado e claro” de apoio “total” para a reconstrução da Ucrânia.

“Não nos devemos distrair com objectivos de médio ou longo prazo quando há respostas que têm de ser imediatas”, defendeu António Costa.

Até agora, Portugal já enviou 170 toneladas de material bélico e não bélico (incluindo material médico), detalhou ontem a ministra da Defesa, Helena Carreiras, durante uma visita à Base Aérea do Montijo. “Vamos continuar a apoiar na medida das nossas possibilidades”, declarou a ministra. Helena Carreiras informou ainda que as instalações das Forças Armadas têm capacidade para acolher cerca de 40 feridos e 300 refugiados ucranianos.

Ilegalização do PCP é “inconcebível”, diz Costa

O primeiro-ministro foi também questionado sobre o acolhimento de pelo menos 160 refugiados ucranianos por Igor Khashin, da Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo), e pela mulher, Iulia Khashin, funcionária do município, que terão, alegadamente, fotocopiado documentos de identificação dos refugiados ucranianos, no âmbito da Linha de Apoio aos Refugiados da Câmara de Setúbal. A notícia foi avançada pelo semanário Expresso na última sexta-feira.

Em resposta, o primeiro-ministro recordou a expulsão de dez funcionários da embaixa russa em Portugal, para afirmar que o “sistema de segurança interna e de informações está activo” e que “o Estado não deixará de agir em conformidade se houver risco de segurança”.

Costa disse que será a ministra da Coesão a determinar a inspecção da actuação da Câmara de Setúbal e que a queixa em relação à protecção de dados foi devidamente remetida para a Comissão de Protecção de Dados, diz.

O primeiro-ministro respondeu também ao repto feito pelo PCP e reagiu às declarações do presidente da associação Refugidos Ucranianos, que no sábado disse à agência Lusa não perceber “como é que Portugal, um país democrático, continua a ter um partido como o PCP” e considerou que aquele partido está a “apoiar a guerra”. O primeiro-ministro recusou entrar “num clima de caça às bruxas” e vincou “respeitar o pluralismo próprio dos portugueses escolherem em quem votam”.

Apesar de ter deixado clara a “profunda divergência” em relação à posição do PCP sobre o conflito, Costa disse que a ilegalização do partido liderado por Jerónimo de Sousa é “inconcebível”, destacando o “contributo importante” para o regime democrático. “O PCP tem uma posição diametralmente oposta à nossa? Sim, faz parte duma democracia que os partidos políticos tenham oportunidade de fixar as suas próprias posições”, respondeu.

Na terça-feira, também o Presidente da República defendeu que em Portugal “há lugar para todas as opiniões”, afirmando que não lhe compete “entrar em debates”, após questionado sobre a posição do PCP face a críticas da associação de refugiados ucranianos.

Regresso do embaixador português a Kiev também já tem data

Depois de esta semana o ministro dos Negócios Estrangeiros ter anunciado que a embaixada portuguesa em Kiev irá reabrir nas “próximas semanas”, António Costa reafirma que essa data foi também fechada no encontro com o primeiro-ministro ucraniano. No entanto, tal como em relação à data da sua visita à capital da Ucrânia, António Costa responde que a data só será revelada “em altura própria”.

Na resposta, o primeiro-ministro aproveitou para elogiar o trabalho dos funcionários das embaixadas portuguesas, sublinhando que apesar do embaixador português ter “recuado para a Polónia”, “a embaixada nunca esteve completamente fechada”, garantiu.

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