Empréstimos à habitação não cresciam tanto desde 2008

Novos limites à duração dos contratos explicam crescimento. Depósitos dos particulares também voltaram a acelerar.

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Nuno Ferreira Santos

Os empréstimos aos particulares para habitação voltaram a acelerar e para este crescimento terá contribuído a alteração à duração dos contratos, que passaram a variar em função da idade dos particulares. As novas regras entraram em vigor a 1 de Abril e nos meses anteriores verificou-se uma aceleração na contratação de crédito (embora os dados dos novos empréstimos ainda não tenham sido revelados).

O limite da duração dos contratos passou a ser 37 anos para quem aceder ao crédito à habitação com idades entre os 30 e os 35 anos. Para quem tem mais de 35, o prazo encolheu e o novo patamar fixa-se nos 35 anos de crédito.

Os dados divulgados esta sexta-feira pelo Banco de Portugal (BdP) são relativos ao stock do crédito à habitação, que no final de Março ascendeu a 97,9 mil milhões de euros, mais 4,8% face ao mesmo mês de 2021. “Os empréstimos à habitação não cresciam tanto desde Outubro de 2008”, destaca o supervisor bancário.

Em aceleração está também o crédito ao consumo, que totalizou 19,9 mil milhões de euros no final do mês passado, também um crescimento de 4,8% em termos homólogos.

O crescimento do crédito aos particulares acontece numa altura em que as taxas Euribor, que estão na base da maioria dos empréstimos, estão a subir a um ritmo apreciável, com a Euribor a 12 meses em máximos desde 2015, num valor positivo de 0,166%, depois de nova aceleração na sessão de sexta-feira. Os prazos de três e seis meses também subiram, reduzindo cada vez mais o valor negativo que acumularam.

Entretanto, os depósitos bancários aumentaram e, neste domínio, o destaque vai para o ritmo de crescimento, que voltou a acelerar, contrariando a desaceleração que se verificava desde Dezembro de 2021. No final de Março, os particulares tinham depositado nos bancos residentes 175,1 mil milhões de euros, mais 6,4% que o mesmo mês do ano passado.

Também os depósitos das empresas cresceram e a um ritmo bem mais elevado (+ 16,3%), para 63,6 mil milhões de euros. O mesmo acontecendo, embora a um ritmo muito menor, de 3,3%, no montante total de empréstimos às empresas, que era de 76,2 mil milhões de euros no final de Março.

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