60 anos depois da crise estudantil, estudantes saem à rua com protestos em frente à AR

Em frente à Assembleia da República e um pouco por todo o país, estudantes deverão sair à rua para reivindicar melhorias no ensino superior, desde as propinas à falta de alojamento.

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Daniel Rocha

O Dia Nacional do Estudante coincide este ano com os 60 anos desde a crise estudantil de 1962, que serão assinalados esta quinta-feira com protestos em todo o país e três acções em frente à Assembleia da República.

Em 1962, milhares de estudantes portugueses desafiaram o regime de Oliveira Salazar e na agenda tinham o fim da ditadura e a aspiração da liberdade, numa crise que se prolongou por meses e que começou como resposta à proibição das comemorações do Dia do Estudante.

Na quinta-feira, 60 anos depois da crise estudantil, os estudantes voltam a sair à rua, não para combaterem a ditadura, mas “carregados” de reivindicações para um ensino superior melhor.

Com duas manifestações agendadas para Lisboa e uma vigília, todos os caminhos vão dar à Assembleia da República, onde se deverão concentrar centenas de estudantes do ensino superior durante a tarde.

O primeiro protesto está marcado para as 14:30, na Praça do Rossio, e partiu de um manifesto da associação de estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, subscrito pela Federação Académica de Lisboa, pela Associação Académica da Universidade de Lisboa e por associações de estudantes de outras 12 instituições em Lisboa, Porto e Caldas da Rainha.

“O Dia Nacional do Estudante deve ser assinalado onde começou: na rua”, lê-se no documento, em que os estudantes elencam um conjunto de problemas no ensino superior, desde o aumento das propinas de mestrado, às condições nas instituições ou falta de alojamento.

Do Rossio, os alunos seguem para a Assembleia da República, aonde chegarão mais tarde outros estudantes, numa manifestação que sai do Terreiro do Paço pelas 15 horas.

O segundo protesto foi convocado pelo movimento Académicas, constituída pelas associações académicas da Universidade dos Açores, Algarve, Aveiro, Beira Interior, Coimbra Évora, Madeira, Minho e Trás-os-Montes e Alto Douro.

“Hoje, mais do que nunca, os estudantes têm de se fazer ouvir”, sublinham as associações, que reivindicam o acesso universal e progressivamente gratuito do ensino superior, a revisão do regime jurídico, o aumento do financiamento das instituições e garantia da manutenção de um ministério próprio e exclusivo à ciência, tecnologia e ensino superior.

Já à noite, a frente do parlamento será palco de uma vigília promovida pela Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico, pelas 22 horas, de homenagem às vítimas da guerra na Ucrânia.

Além destas acções de rua, as associações representativas dos alunos nas faculdades estão a promover debates, workshops e convívios para assinalar o Dia Nacional do Estudante.

No Instituto Superior Técnico, os estudantes vão estar até quinta-feira em “luto académico”, contra a proposta aprovada pela instituição que quase duplica o valor das propinas de mestrado em dois anos, passando de 697 euros no ano lectivo anterior para os 1.250 euros no próximo.

Nesse dia, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, também vai receber estudantes do ensino superior e dirigentes das associações de estudantes, pelas 18:30 nos Paços do Concelho.

Entre os mais novos, a luta acontece junto às escolas, com concentrações previstas em escolas secundárias por todo o país para pedir melhores condições.

Em Oeiras, os alunos da secundária Sebastião e Silva juntam-se em defesa da concretização da política de educação sexual e por mais psicólogos, enquanto os estudantes da Fernando Lopes Graça, em Cascais, querem a realização de obras na escola.

A norte, estão marcadas concentrações nas escolas secundárias Garcia de Orta, António Nobre e na escola artística Soares dos Reis, no Porto, e na escola secundária António Sérgio, em Vila Nova de Gaia.

Em Portalegre, os alunos da escola secundária de São Lourenço também protestam pela realização de obras na escola, à semelhança dos colegas da Tomás Cabreira, em Faro, que pedem também mais psicólogos e funcionários.

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