Moody’s baixa rating da Rússia para o segundo nível mais baixo

Agência de notação financeira diz que, no actual cenário, o mais provável é os investidores que emprestaram dinheiro à Rússia receberem de volta apenas parte do seu dinheiro.

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EPA/YURI KOCHETKOV

A agência de notação financeira Moody’s voltou este domingo a baixar a classificação atribuída à Rússia, alertando que os controlos de capital impostos pelo banco central tornam muito provável o incumprimento do país no pagamento das suas dívidas ao estrangeiro.

O rating atribuído pelas principais agências internacionais à República Russa tem vindo a cair a pique nos últimos dias, nomeadamente depois do anúncio das sanções económicas por parte da Europa e dos EUA. A 1 de Março, a Moody ainda colocava a Rússia num nível de investimento, com um rating Baa3, mas, desde então, a descida para um nível “lixo” foi rápida, acentuando-se este domingo com a atribuição de um rating Ca.

É o segundo nível mais baixo da escala de ratings desta agência, ficando apenas acima da classificação C, que é atribuída já numa situação de incumprimento selectivo ou parcial por parte da entidade devedora.

Neste momento, o que Moody’s diz é que, como resultado das sanções económicas impostas pelo Ocidente, nomeadamente o congelamento de parte dos activos do banco central, são muitas as dúvidas relativamente à capacidade do Estado russo cumprir com as suas obrigações face aos seus credores.

A decisão de baixar o rating, refere a Moody’s, “foi tomada por causa das preocupações muito fortes acerca da capacidade e vontade da Rússia de fazer face às obrigações que tem com a sua dívida”.

As preocupações intensificaram-se com o anúncio do banco central russo, já durante este fim-de-semana, de novas regras no pagamento dos juros da dívida detida por investidores estrangeiros. Por exemplo, para os investidores provenientes de países que não aplicaram sanções, os juros serão pagos só em rublos, mesmo que a dívida esteja denominada noutra divisa. Já para os investidores de países que aplicaram sanções, como os pertencentes à União Europeia, o pagamento de juros é feito para contas criadas para o efeito e que são geridos pelo banco central russo.

A Moody’s diz que o risco de incumprimento aumentou e prevê que os investidores venham a receber, neste cenário, apenas parte do valor dos créditos que concederam à Rússia. No próximo dia 16 de Março, é suposto a Rússia pagar 107 milhões de euros de uma dívida que emitiu nos mercados europeus.

Também a Standard & Poor’s e a Fitch, outras duas agências internacionais de notação financeira, colocaram a Rússia no nível “lixo”, mas ainda ligeiramente acima do rating agora atribuído pela Moody’s.

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