Dívida da Rússia é “lixo” para as três principais agências de rating mundiais
A Fitch e a Moody’s cortaram a classificação da dívida soberana russa em seis níveis, colocando-a no patamar de “lixo”.
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Depois da Standard & Poor's, é agora a vez da Moody's e da Fitch. Esta quinta-feira, a dívida soberana da Rússia passou a ser considerada “lixo” para as três principais agências de rating a nível mundial, uma despromoção justificada com o impacto que as sanções impostas à Rússia poderão ter a economia do país e a sua capacidade para cumprir o serviço de dívida.
As decisões foram tomadas ao fim de uma semana de guerra na Ucrânia. Esta noite, a Fitch anunciou que cortou o rating de longo prazo da Rússia do anterior nível BBB para B (um corte de seis níveis), passando o outlook, que estava no nível “estável”, para “negativo”. Seguiu-se a Moody's, que cortou o rating da dívida soberana russa em três níveis, de Baa3 para B3.
Em ambos os casos, a dívida soberana russa passa, assim, a ser considerada como um investimento especulativo, tendo em conta o cerco à economia russa que está a ser levado a cabo a nível internacional. “A severidade das sanções internacionais em resposta à invasão militar da Rússia à Ucrânia acentuou os riscos para a estabilidade macrofinanceira, representa um enorme choque para os fundamentais de crédito da Rússia e poderá comprometer a sua capacidade de cumprir o serviço de dívida”, justifica a Fitch.
A decisão da Moody's, que admite cortar ainda mais o rating da Rússia, é tomada no mesmo sentido, considerando o “risco intensificado de disrupção no reembolso da dívida” e a “probabilidade de uma disrupção acentuada dos sectores económicos e financeiros, devido às sanções que limitam o acesso da Rússia às suas reservas internacionais”.
Os anúncios da Fitch e da Moody's seguem-se ao que já tinha sido feito, na semana passada, pela Standard & Poor's, que cortou o rating da Rússia em um nível. “Acreditamos que as sanções anunciadas podem ter um efeito directo significativo e repercussões na actividade económica e comercial, na confiança dos consumidores e na estabilidade financeira, e também antecipamos que as tensões geopolíticas tenham impacto na confiança do sector privado, atingindo o crescimento económico”, justificou então a agência de notação financeira.
Rublo em mínimos históricos
Na sequência das decisões de rating, a moeda russa, já fortemente pressionada nos últimos dias, atingiu agora um novo mínimo histórico contra a moeda norte-americana.
Esta manhã, o rublo chegou a desvalorizar mais de 10% face ao dólar, passando a ser necessários 117,5 rublos russos para comprar 1 dólar norte-americano, naquela que é a primeira vez que o rublo negoceia acima dos 110 dólares. A desvalorização aliviou entretanto e, por esta altura, a cotação já está nos 105,7 rublos por dólar.
Mas a expectativa do mercado é que o cenário se agrave nos próximos dias. “A volatilidade vai continuar, sobretudo porque os activos russos, que até agora estavam nos mercados de referência, estão a ser retirados desses mercados. Se houvesse oportunidade para os investidores estrangeiros retirarem de negociação os activos cotados em rublos, retirariam, o que significa que haverá muita pressão sobre a moeda russa”, comenta Chris Turner, analista do ING, citado pela Reuters.