Preço do petróleo continua escalada e aproxima-se dos 120 dólares por barril

O petróleo negociado em Londres está a negociar na casa dos 117 dólares esta manhã. Com a falta de oferta para dar resposta à procura, os analistas já apontam para o barril a custar mais de 150 dólares.

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Reuters/Todd Korol

Ao oitavo dia de guerra na Ucrânia, os preços do petróleo mantêm o ritmo de subidas acentuadas e o barril desta matéria-prima já se aproxima dos 120 dólares. A ser ultrapassada esta fasquia, os valores do petróleo ficarão aos níveis mais elevados da última década, numa altura em que o Ocidente se depara com poucas alternativas ao petróleo russo, que responde por 8% da procura global e é o maior fornecedor da Europa.

O barril de Brent, negociado em Londres e que serve de referência para o mercado europeu, segue a valorizar mais de 4% esta quinta-feira e negoceia na casa dos 117 dólares, mas já chegou a superar os 119 dólares durante esta sessão. Está, por agora, nos níveis mais elevados desde 2013, mas a expectativa do mercado é que supere os 120 dólares em breve, fixando-se em máximos de 2012. Já o West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova Iorque, também está a encarecer em torno de 4% e está a cotar acima dos 115 dólares por barril.

Feitas as contas, só desde o início desta semana, quando o barril da matéria-prima ainda negociava na casa dos 90 dólares, o petróleo já valorizou mais de 25% e rapidamente confirmou a expectativa do mercado de que os preços iriam ultrapassar largamente a barreira dos 100 dólares por barril. Agora, com uma procura claramente acima da oferta, os limites são outros. “Vamos chegar aos 150 dólares por barril, ou até acima disso, porque, neste momento, a única solução que existe é a destruição da procura”, comenta Amrita Sen, analista da Energy Aspects, citada pela CNBC, numa posição que está em linha com a que tem sido adoptada por vários analistas.

A justificar a necessidade de reduzir drasticamente a procura pela matéria-prima está o facto de, no curto prazo, não ser possível dar resposta pelo lado da oferta. Esta quarta-feira, os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) acordaram manter o aumento de produção já antes definido, em 400.000 barris por dia durante o mês de Março. Dois problemas surgem com esta decisão: por um lado, este é um plano, logo à partida, considerado insuficiente para responder à recuperação económica pós-pandemia (sem considerar o actual cenário de guerra); por outro, os membros da OPEP nem sequer têm conseguido cumprir estas metas, ainda que tenham vindo a aumentar a produção há vários meses.

A guerra na Ucrânia só vem agravar este cenário. A Rússia é o terceiro maior produtor mundial de petróleo e o segundo maior exportador, só atrás da Arábia Saudita, respondendo por cerca de 8% da oferta global (ou quatro a cinco milhões de barris por dia). Na Europa, é responsável por cerca de 30% da oferta de petróleo. Com a invasão da Ucrânia, contudo, há cada vez mais operadores a rejeitarem o petróleo russo, o que obriga a que se encontrem alternativas que, para já, simplesmente não existem na dimensão necessária.

Os membros da Agência Internacional de Energia, que conta com os Estados Unidos, anunciaram, entretanto, que irão libertar 60 milhões de barris das suas reservas de petróleo, uma medida que continua a ficar aquém das expectativas. “Tendo em conta um mercado que procura 100 milhões de barris por dia, 60 milhões de barris saciam pouco mais de metade de um dia de procura... E mal aguenta o mercado para lá da hora de almoço”, nota Michael Trans, analista da RBC Capital Markets, citado pela Reuters.

Gás cada vez mais caro

A acompanhar a escalada dos preços do petróleo, também o gás natural, segundo combustível mais utilizado na União Europeia e que tem na Rússia o maior exportador, está cada vez mais caro.

Os contratos futuros de gás natural para entrega em Abril, negociados no mercado holandês e que servem de referência para a Europa, estão a valorizar mais de 10% nesta sessão, ultrapassando os 188 euros por megawatt/hora.

Este movimento é registado depois de, na quarta-feira, os preços deste combustível terem alcançado um recorde de 195 euros por megawatt/hora, com uma subida de 55%, que, entretanto, aliviou.

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