Trabalhadores da Autoeuropa voltam a rejeitar pré-acordo laboral

Proposta referendada previa aumento salarial de 2% e garantia manutenção do quarto turno em troca do prémio anual de objectivos.

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Trabalhadores da Autoeuropa LUSA/MÁRIO CRUZ

Os trabalhadores da Autoeuropa voltaram a rejeitar uma proposta de acordo laboral, com 60% de votos contra e 39,1% de votos a favor.

O referendo realizado na quinta e nesta sexta-feira teve uma taxa de participação ligeiramente superior do que o anterior, em Maio de 2021, e o “sim” teve mais votos desta vez.

Porém, nas contas finais, o desfecho aponta na mesma direcção: o pré-acordo que tinha sido conseguido entre Comissão de Trabalhadores (CT) e a nova administração alemã da fábrica portuguesa da Volkswagen, em Palmela, foi rejeitado.

A CT diz que vai “avaliar os resultados desta votação, bem como exigir à empresa o regresso à mesa negocial”.

A proposta a votação previa um aumento salarial de 2% e um mecanismo que, a ser aceite, permitiria a manutenção do quarto turno, o que corresponde, em números redondos, a cerca de 1000 postos de trabalho. Mil trabalhadores correspondem a 20% da força laboral da fábrica.

Esta era considerada uma “questão essencial” para os trabalhadores, já que a existência de uma quarta equipa estava em risco, devido a uma “baixa substancial” na produção de 2022, motivada pela paragem forçada por falta de semicondutores.

A estimativa de Dezembro apontava para uma produção de 204 mil viaturas em 2022, menos 53 mil face à produção de 2021. O mecanismo proposto transformaria o prémio anual de objectivos de 2022 em 22 dias não trabalháveis, o que, por sua vez, permitiria salvaguardar a quarta equipa, porque seriam dias usados nas paragens forçadas da fábrica.

Havia, no entanto, a garantia de pagamento do prémio por objectivos na proporção dos dias de paragem que não viessem a ser utilizados. Exemplificando, se fossem só gastos dez dias de paragem adicionais, no final do ano os trabalhadores receberiam o prémio na proporção correspondente aos restantes 12 dias.

O acordo de empresa, caso tivesse passado, seria válido para dois anos (de 1 de Janeiro de 2022 até 31 de Dezembro de 2023) e incluiria aumentos salariais de 2%, com um aumento mínimo de 25 euros para o presente ano e um aumento mínimo de 30 euros para 2023. Ficava, porém, salvaguardado que “nas próximas negociações será tomada em consideração a inflação passada”.

Além disso, a administração, que tem um novo director-geral e um novo responsável financeiro, garantia o anúncio, durante a vigência deste acordo, de um novo modelo VW para ser fabricado em Portugal. Miguel Sanches, anterior director-geral, deixou o cargo e foi substituído em Dezembro de 2021 por Thomas Gunther, ao passo que António Costa, responsável pelas contas, foi substituído este mês por Marko Sebastian.

Nas urnas, desta vez, votaram 4052 dos 5137 trabalhadores com direito a voto. Apesar de ser um número inferior ao dos votantes do referendo de Maio de 2021, a taxa de participação até foi superior, porque o universo de trabalhadores entretanto se reduziu. A empresa tem em marcha um plano de rescisões amigáveis, que já registou cerca de 70 adesões.

Dos 78,9% que votaram, 1583 apoiaram a proposta, dando ao “sim” uma percentagem de 39,1% e 2433 votaram “não” (60%). No primeiro referendo, o “não” tinha obtido 3426 votos (84,2%) e o “sim” ficou-se por 620 votos (15,2%).

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