Ponte na fronteira entre Canadá e EUA prestes a ser reaberta

Ao fim de sete dias, a polícia do Canadá conseguiu desobstruir a passagem na Ponte Ambassador, onde o protesto contra as restrições anti-covid já provocou prejuízos estimados em 750 milhões de euros.

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O contingente da polícia foi reforçado este fim-de-semana Reuters/CARLOS OSORIO

A polícia do Canadá conseguiu dispersar, este domingo, todos os manifestantes que estavam a obstruir uma das mais importantes rotas de comércio na fronteira com os Estados Unidos, como parte do protesto nacional que começou com queixas de camionistas contra as restrições por causa da pandemia de covid-19.

A operação da polícia começou no sábado, após a recusa dos manifestantes em cumprirem uma ordem dos tribunais, anunciada na sexta-feira, para que desobstruíssem a ponte Ambassador, que liga a cidade norte-americana de Detroit, no estado do Michigan, à cidade canadiana de Windsor, na província do Ontário.

“A operação prossegue na área do protesto, com a polícia a fazer detenções e a rebocar veículos”, disse a polícia de Windsor, no Twitter, este domingo.

O contingente policial foi reforçado no sábado, ao fim de seis dias de bloqueio, ao mesmo tempo que o número de manifestantes caiu de 100 para 45 este domingo, segundo a agência Reuters.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, pediu ao primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, que usasse os seus poderes federais para pôr fim ao bloqueio na ponte, que é a travessia fronteiriça mais movimentada de toda a América do Norte.

Desde a passada segunda-feira, dezenas de manifestantes em camiões, automóveis ligeiros, carrinhas e autocaravanas bloquearam a travessia da ponte, estrangulando a cadeia de fornecimento para a indústria automóvel de Detroit.

A cada dia, passam pela ponte Ambassador o equivalente a 360 milhões de dólares (317 milhões de euros) de carga, ou 25% do valor das transacções de bens entre os dois países.

“Esperamos que a ponte seja reaberta ainda hoje”, disse o presidente da câmara de Windsor, Drew Dilkens, ao canal CBC, este domingo. “A polícia está a concluir a sua operação, e nós estamos a trabalhar para que isto não volte a acontecer.”

Prejuízos elevados

Os protestos da chamada “Caravana da Liberdade” começaram na capital do Canadá, Otava, com camionistas canadianos a oporem-se à exigência de vacinação anti-covid e a quarentenas nas entradas e saídas na fronteira com os EUA.

Ao fim de 17 dias, transformou-se num protesto mais abrangente, contra a vacinação anti-covid em qualquer circunstância, contra a cobrança de uma taxa do carbono e muitos outros assuntos.

A polícia canadiana diz que os protestos um pouco por todo o país têm sido financiados, em parte, por apoiantes nos Estados Unidos. E o governo da província do Ontário congelou, na quinta-feira, fundos doados através da plataforma norte-americana GiveSendGo.

A empresa Ford Motor Co. — o segundo maior fabricante de automóveis nos EUA —, a General Motors e a Toyota anunciaram cortes na produção. O custo estimado dos bloqueios para a indústria automóvel é, até agora, de 850 milhões de dólares (750 milhões de euros), segundo os números da empresa IHS Markit.

“Esta é a travessia mais movimentada, por isso as consequências vão além da indústria automóvel”, sublinhou o presidente da câmara de Windsor, citado pela Reuters. “Estamos a falar de um impacto para toda a nação. E é por isso que é tão importante encontrarmos uma solução para isto.”

Música na Nova Zelândia

O protesto que começou no Canadá chegou a outros países, com destaque para a Austrália e a Nova Zelândia, onde grupos relativamente pequenos têm tentado, sem sucesso, replicar as manifestações na América do Norte.

A polícia australiana deu aos manifestantes até ao fim deste domingo para desocuparem a capital do país. Milhares de manifestantes permanecem em vários locais de Camberra, enquanto algumas dezenas estão reunidos nas proximidades do edifício do Parlamento federal australiano.

E na capital neo-zelandesa, Wellington, os protestos entraram este domingo no sexto dia consecutivo, apesar da chuva forte e da ventania que tem assolado a cidade.

Numa tentativa para dispersar a multidão, a polícia da Nova Zelândia pôs a tocar algumas canções em altifalantes, incluindo os sucessos Macarena, dos Los del Río; My Heart Will Go On, de Celine Dion; e a música para crianças Baby Shark.

Perante o fracasso, a polícia decidiu aceitar a proposta do cantor britânico James Blunt, que sugeriu, no Twitter, que uma das suas canções fosse usada, se as outras escolhas não tivessem sucesso. Horas depois, a canção You’re Beautiful começou a ser ouvida nos altifalantes da polícia, mas os manifestantes continuaram sem arredar pé.

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