Um dia depois de a Polícia Judiciária ter detido um estudante de 18 anos, que estaria há meses a planear atacar os colegas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), o Presidente da República comentou o incidente, elogiando a actuação das autoridades que permitiu impedir o ataque e considerando que a segurança dos portugueses não está em causa.

“Quem tinha de cumprir a missão cumpriu, de forma discreta mas eficaz. Isto dá um sentimento de segurança acrescido aos portugueses. Não é um facto único, já tivemos na nossa história alguns bem mais complexos. Aqui é uma questão pontual, como se viu. Quem tinha de intervir para garantir a segurança dos portugueses interveio. Os portugueses devem considerar-se seguros”, resumiu o Presidente da República em declarações à RTP3, durante uma visita oficial a França.

Na manhã de segunda-feira, o director da FCUL, Luís Carriço, informou que a segurança de alunos, docentes e outros funcionários da universidade “nunca esteve em causa” e que cancelar os exames que estão marcados para esta sexta-feira seria “uma enorme imprudência”.

“De acordo com os dados que temos não há quaisquer indícios que ponham hoje em causa a segurança de todos, antes pelo contrário. Devemos, por isso, com serenidade, continuar a efectuar todas as actividades que se exigem a uma escola de qualidade. Aos nossos alunos, docentes e funcionários quero transmitir uma mensagem de tranquilidade”, disse aos jornalistas, numa declaração sem direito a perguntas.

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O director da FCUL explicou que a instituição só pode tomar decisão com base em dados e não em “teorias da conspiração ou opiniões infundadas” e que, por isso, cancelar os mais de 40 exames que estão marcados para esta sexta-feira “seria uma enorme imprudência”, já que muitos alunos “trabalharam arduamente” para os fazer. Luís Carriço mencionou ainda que a faculdade reforçou as equipas de apoio psicológico, que estão disponíveis para qualquer pedido. “Temos uma equipa atenta de apoio psicológico, agora reforçada pela Faculdade de Psicologia e pelo Centro Médico da Universidade de Lisboa, em caso de necessidade, que está disponível para acorrer a todas as solicitações que venham a ser feitas”.

Também Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, reagiu à detenção do jovem esta quinta-feira, respeitando a decisão do director da FCUL em manter os exames e restantes actividades normais. “As instituições são autónomas. Por isso, respeito a decisão. Naturalmente que esta situação despertou um caso de ansiedade, mas acho que os dirigentes terão medido essa situação”, afirmou esta manhã.

Será necessário usar detectores de metais para apertar as medidas de segurança no acesso às instituições? “Não me parece que seja essencial. Isso não se verificou nos outros países - países mais ricos e desenvolvidos até -, da Noruega aos Estados Unidos. Temos de estar alerta a todas as situações. Isso não existe em qualquer outra universidade do mundo, não vejo que seja necessária a sua implementação nas portuguesas”, resumiu Manuel Heitor.

O ministro diz ainda que estes fenómenos não se combatem apenas “com mais policiamento”, pedindo solidariedade entre alunos e instituições.

O estudante de engenharia informática que foi detido na manhã desta quinta-feira estaria alegadamente a planear há meses aquilo que a PJ definiu como uma “acção terrorista” contra os colegas de curso.

De acordo com as informações apuradas pelo PÚBLICO, o jovem seria um consumidor maciço de informação sobre massacres como aqueles que acontecem com frequência em estabelecimentos de ensino nos Estados Unidos. Durante as buscas, a PJ encontrou um plano escrito com os detalhes do ataque, além de várias armas.

O jovem está a ser ouvido no Campus da Justiça, em Lisboa, por um juiz de instrução, que decretará as medidas de coacção.