Linhagem BA.2 da Ómicron tem aumentado lentamente em Portugal

Dados da sequenciação genómica do SARS-CoV-2 até à terceira semana de Janeiro sugerem que nessa altura a linhagem BA.2 da Ómicron teve uma circulação comunitária reduzida, tendo vindo a aumentar aos poucos desde que foi identificada.

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Representação do coronavírus SARS-CoV-2 NIAID

Nos últimos tempos, a linhagem BA.2 da variante Ómicron tem dado que falar – afinal, tem aumentado muito noutros países. Até agora, através dos dados da sequenciação genómica do SARS-CoV-2 em Portugal até à terceira semana de Janeiro (a última para as quais há estes dados), sugere-se que nessa altura esta linhagem teria uma circulação comunitária reduzida, tendo vindo a aumentar aos poucos desde que foi detectada, indica-se no mais recente relatório sobre a situação da diversidade genética do coronavírus SARS-CoV-2 no país, divulgado esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa).

Nesse relatório, refere-se que a linhagem BA.2 foi identificada pela primeira vez em amostras aleatórias através da sequenciação genómica ao vírus na semana de 27 de Dezembro de 2021 a 2 de Janeiro de 2022. “A sua frequência relativa tem aumentado paulatinamente desde então, embora os dados de sequenciação obtidos até à semana 3 [de Janeiro] sugiram uma circulação comunitária reduzida”, lê-se numa nota do relatório. Nessa terceira semana (ainda com dados em apuramento) representava apenas 1,5% das amostras analisadas. Nas semanas anteriores, os valores foram de 0,4% e de 0,7%.

No documento que faz o retrato da diversidade genética do vírus – ou seja, das suas diferentes linhagens e sublinhagens – indica-se que outra linhagem “irmã” da BA.2 (a BA.1) se manteve dominante até à última semana analisada através da sequenciação genómica, que equivale de 17 a 23 de Janeiro. Esta linhagem começou a representar 90% dos novos casos de infecção de SARS-CoV-2 na primeira semana de 2022.

Mas a linhagem BA.1, que surgiu primeiro em Portugal, não se fica por aqui. No relatório alerta-se que parte das sequências da BA.1 foram reclassificadas a nível internacional. Agora, constituem a sublinhagem BA.1.1, que se caracteriza por ter uma mutação adicional na proteína da espícula, que é responsável pela entrada do vírus nas células.

Esta sublinhagem tem vindo a circular em Portugal desde o início de Dezembro e representava cerca de 14% das sequências analisadas entre 10 e 23 de Janeiro. “Os dados de sequenciação mostram ainda alguma heterogeneidade na circulação desta sublinhagem em termos regionais, destacando-se a sua maior frequência relativa na região Norte”, nota-se na nota.

No fundo, estivemos a falar sempre da variante Ómicron quando nos referimos a todas as linhagens e sublinhagens anteriores. Afinal, esta variante destronou a Delta, que foi a dominante durante semanas e semanas no país. A frequência da Delta tem tido uma tendência decrescente, mantendo-se, mesmo assim, a circulação de várias sublinhagens.

Desde o início de Junho de 2021 que o Insa tem vindo a analisar, em média, 520 sequências do SARS-CoV-2 por semana. Essas amostras são provenientes de laboratórios distribuídos pelos 18 distritos de Portugal continental e pelas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, abrangendo uma média de 133 concelhos por semana. Até à data, foram analisadas 26.649 sequências do genoma do SARS-CoV-2.

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