Ghislaine Maxwell recusou testemunhar: “O Estado não provou o caso para além de uma dúvida razoável”

A defesa da socialite deu por encerrado o seu caso ao fim de apenas duas sessões. Esta segunda-feira, começa-se a ouvir a argumentação final da acusação e da defesa.

Foto
A advogada Bobbi Sternheim, descreve a Reuters, colocou-se ao lado de Maxwell enquanto a mulher se dirigiu à juíza Alison Nathan Reuters/JANE ROSENBERG

Nos EUA, os arguidos não são obrigados a testemunhar, uma vez que o ónus da prova recai sobre os procuradores. “Meritíssimo, o Estado não provou o caso para além de uma dúvida razoável e por isso o meu testemunho não é necessário”, disse Ghislaine Maxwell, na sexta-feira, dia em que a defesa da socialite deu por encerrado o seu caso, ao fim de apenas duas sessões.

A advogada Bobbi Sternheim, descreve a Reuters, colocou-se ao lado de Maxwell enquanto a mulher se dirigiu à juíza Alison Nathan que não deu a sessão por terminada antes de aconselhar precaução aos jurados e a todos os envolvidos no julgamento numa altura em que os casos de covid-19 na cidade de Nova Iorque não param de crescer.

Nos dois dias em que a defesa foi ouvida, testemunharam antigos funcionários de Jeffrey Epstein, uma psicóloga especializada em memória e uma ex-namorada do falecido financeiro. Tudo para alavancar a idoneidade da arguida e desvalorizar o que as quatro testemunhas da acusação, que dizem ter sido preparadas pela socialite para os abusos sexuais que alegam ter sofrido por parte de Jeffrey Epstein, relataram nas semanas anteriores.

Entre as quatro testemunhas, duas já tinham idade (16 e 17 anos) de consentimento nos locais onde ocorreram os encontros (Londres, Reino Unido; e Novo México, EUA) e, deliberou a juíza a favor da defesa, apenas serviram para expor um padrão de comportamento; as outras duas tinham 14 anos, na altura dos eventos.

Ghislaine Maxwell, de 59 anos, declarou-se inocente de oito acusações de tráfico sexual e outros crimes e os seus advogados argumentam que ela está a ser bode expiatório da conduta do falecido financeiro Epstein, que não foi possível condenar. Epstein suicidou-se em 2019 numa cela da prisão de Manhattan, enquanto aguardava julgamento por abuso sexual.

Os argumentos finais do julgamento são esperados esta segunda-feira no tribunal federal de Manhattan. Posteriormente, o júri iniciará as deliberações, podendo pesar se a socialite britânica “evitou conscientemente” o conhecimento dos encontros relatados entre Jeffrey Epstein e raparigas menores de idade, disse a juíza do caso no sábado.

A deliberação da magistrada ocorre depois de, numa conferência no sábado, a defesa de Maxwell se opor a uma proposta de instrução de que o júri poderia condená-la se concluísse que ignorou deliberadamente qualquer comportamento criminoso de Epstein. “Isto parece estar aqui como uma espécie de segunda opção”, considerou um dos elementos da equipa de defesa de Maxwell. “A teoria em que [os procuradores] se baseiam é de que [Ghislaine Maxwell] é uma participante activa. Não podem ter as duas coisas.”

No entanto, Alison Nathan considerou que uma vez que a defesa tinha insinuado, na sua declaração de abertura de 29 de Novembro, que Maxwell, apesar da sua proximidade com Epstein, não estava ciente do seu comportamento, seria injusto incluir a instrução para que o júri não tivesse em conta a questão do conhecimento.

Sugerir correcção
Comentar