Meghan admite ter enganado o tribunal, mas “sem intenção”

Uma declaração sobre o seu não contributo para a biografia Finding Freedom era um dos suportes do caso que venceu contra a Associated Newspapers. A editora está a tentar que o recurso seja aceite.

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Meghan, duquesa de Sussex, com o príncipe Harry à chegada da gala Saudação à Liberdade de 2021, que decorreu, quarta-feira, 10 de Novembro, em Nova Iorque EPA/JASON SZENES

A duquesa de Sussex enviou um pedido de desculpas por escrito ao Tribunal de Recurso inglês por ter declarado, no passado, que não tinha contribuído para a biografia Finding Freedom, depois de ter sido revelado em tribunal que Meghan pediu a um assistente para transmitir informações aos autores Carolyn Durand e Omid Scobie. Meghan esclareceu que não tinha havido intenção de enganar a justiça, afirmando que se esquecera desses acontecimentos.

Jason Knauf, antigo secretário de Harry e Meghan e actual chefe executivo da Royal Foundation do príncipe William e da mulher Kate, disse que o livro foi “discutido numa base diária” e “discutido directamente com a duquesa várias vezes, pessoalmente e por correio electrónico”. Knauf disse que também planeou com a duquesa uma reunião com os autores para fornecer informações de base e disse que Meghan lhe tinha passado alguns dados para partilhar com aqueles, incluindo informações sobre a sua infância e a sua relação com os seus meios-irmãos.

Numa declaração, citada pela Reuters, a duquesa diz que aceitara que o seu assistente fornecesse informações aos autores do livro com o seu conhecimento, mas que “a extensão das informações partilhadas era desconhecida”. “Peço desculpa ao tribunal pelo facto de não me ter lembrado destes intercâmbios na altura”, sublinhando que “não tinha absolutamente nenhum desejo ou intenção de enganar o réu ou o tribunal”.

A duquesa acrescentou que teria ficado “mais do que feliz” em referir o assunto se tivesse tido conhecimento das trocas de informações entre Knauf e os autores da biografia na altura, mas alega que estavam “muito longe das informações pessoais muito detalhadas que o arguido alega que eu queria ou permitia colocar no domínio público”.

Este é o segundo golpe que o caso da duquesa sofre, já que, ao declarar que não tinha contribuído para a biografia, defendia a sua ideia de que a vida privada apenas a si lhe pertencia. O primeiro diz respeito especificamente à carta enviada ao pai, que Meghan defendeu tratar-se de uma missiva pessoal sobre a qual tinha uma “expectativa de privacidade”.

No entanto, novas provas mostram que a duquesa estava ciente de que a carta podia ser divulgada. Numa mensagem trocada com Jason Knauf, Meghan escreve: “Obviamente, tudo o que redigi foi com o entendimento de que poderá ser divulgado, pelo que fui meticulosa na minha escolha de palavras.” Entre as palavras escolhidas está o termo “papá”, com o qual inicia a carta manuscrita. Tudo para que, caso houvesse fuga de informação, “falasse ao coração”.

Entre as provas apresentadas ao Tribunal de Recurso há ainda e-mails trocados entre o secretário do casal e o duque de Sussex sobre a reunião com os autores e a necessidade de ocultar qualquer envolvimento no processo do príncipe Harry e de Meghan.

​A ex-actriz escreveu a carta manuscrita de cinco páginas ao pai depois de os dois se terem desentendido, pouco tempo antes do casamento com Harry, a que o pai faltou, por o progenitor ter admitido ter combinado fotografias com os paparazzi. O The Mail on Sunday​, que publicou extractos dessa carta em Fevereiro de 2019, argumentou que Thomas Markle queria que a carta fosse tornada pública para responder aos comentários anónimos de amigos de Meghan em entrevistas à revista norte-americana People.

No início deste ano, um juiz do Supremo Tribunal decidiu a favor de Meghan, sem julgamento, e disse que o jornal deveria publicar um pedido de desculpas na primeira página e pagar as suas contas legais. No entanto, o jornal não se contentou com o resultado e entrou com um pedido de recurso, que terminou esta quinta-feira. Agora, os três juízes informaram que “vão levar tempo” a considerar tudo o que foi dito e mostrado durante estes três dias “com muito cuidado”. Caso seja aprovado, o caso irá a julgamento, algo que poderá colocar Meghan e o pai no rol de testemunhas.

Os advogados da duquesa, por seu turno, consideraram que o recurso deveria ser rejeitado, uma vez que outro julgamento permitiria uma nova invasão à privacidade da duquesa, enquanto o Mail lucraria com o “circo dos media que inevitavelmente daí adviria”.

As relações de Meghan e Harry com a imprensa tablóide britânica foram cortadas pouco depois do casamento. O casal declarou um “compromisso zero” com quatro grandes jornais britânicos, incluindo o Daily Mail, acusando-os de cobertura falsa e invasiva. O casal também citou a intrusão dos meios de comunicação como um factor importante na sua decisão de renunciar aos deveres reais e de se mudar para os Estados Unidos com o filho bebé Archie no ano passado. Em Junho, Harry e Meghan tiveram a sua segunda filha, Lilibeth Diana.

Artigo actualizado com informação do fim da audiência de recurso

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