Cancro do intestino: o que esperamos dos tratamentos, hoje e no futuro?

Na luta contra este cancro podemos contar com cada vez mais conhecimento genético, molecular, tecnológico e robótico aplicado ao seu tratamento clínico e cirúrgico. Esta quarta-feira é o Dia Europeu da Luta contra o Cancro do Intestino.

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daniel rocha/arquivo

Publicados os dados epidemiológicos pela Organização Mundial da Saúde, “The Global Cancer Observatory”, no ano de 2020, a realidade em Portugal era a seguinte: o cancro do intestino grosso representa a principal causa de novos casos (10501 diagnósticos - 7% do total de novos cancros) e, foi a segunda causa de morte por doença oncológica (4275 mortes) depois do cancro do pulmão.

É fundamental sensibilizar para a realização do rastreio do cancro colorrectal, pois permite um diagnóstico precoce e é um factor decisivo para a cura. Este deve ser iniciado até aos 50 anos de idade. O teste primário preconizado pela Direcção Geral de Saúde é a pesquisa de sangue oculto nas fezes, se positivo obriga à realização da colonoscopia total. Estudos recentes indicam a colonoscopia total como exame de referência para o rastreio e diagnóstico precoce. Quando o médico propõe a sua realização, baseia-se na idade mas também em outros fatores de risco, como o estilo de vida, historial clínico e risco genético/antecedentes familiares.

Todos nós devemos estar alerta para os seguintes sintomas e sinais: sangue misturado com as fezes, dor ou cólica abdominal recorrente, alteração da forma e consistência das fezes, obstipação ou prisão de ventre, perda de apetite e emagrecimento, cansaço e ou anemia. Tudo isto obriga a consultar o médico assistente e nunca adiar a realização de colonoscopia.

Após o diagnóstico de cancro colorrectal é obrigatório o rápido encaminhamento e orientação para a consulta de cirurgia ou oncologia médica onde será explicada a doença é colocada a proposta de plano de tratamento. Importa destacar que em Portugal existem unidades hospitalares com grande experiência clínica, designados Centros de Referenciação para o Cancro do Cólon e Recto, quer em hospitais públicos quer privados.

O tratamento do cancro do intestino grosso depende da sua localização e extensão da doença. Actualmente as opções terapêuticas são: a ressecção local-endoscópica, a quimioterapia, a radioterapia e a cirurgia. Sendo que esta última, permite um tratamento curativo. A cirurgia tem o objectivo de remover toda a doença com margens livres, em situações específicas de doença o tratamento cirúrgico obriga à presença de ostomia provisória ou definitiva.

No século XXI, o desenvolvimento tecnológico, a inteligência artificial e a engenharia robótica aplicada à medicina permitiram o crescimento da cirurgia minimamente invasiva — laparoscópica e robótica no tratamento do cancro colorrectal.

A cirurgia minimamente invasiva tem todas as vantagens para os doentes e para a sociedade ao permitir o regresso mais rápido ao meio familiar, social e profissional.

No nosso país, a cirurgia robótica ainda está limitada a poucos centros cirúrgicos. No entanto, devo reforçar que a cirurgia assistida pela robótica permite procedimentos cirúrgicos mais complexos com maior precisão e, então, dá lugar a intervenções mais confiáveis e eficazes que a restante cirurgia.

O conhecimento genético e molecular permite inovar as terapias do cancro colorrectal, a presença ou ausência de perfis moleculares determina um tratamento optimizado com novos fármacos e terapêuticas biológicas dirigidas. O futuro próximo será certamente uma medicina e opções cirúrgicas orientadas pelos resultados genéticos.

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