Suspeito de homicídio de deputado britânico foi detido ao abrigo da lei de terrorismo

Segundo a BBC, o suspeito tinha sido indicado para o programa Prevent, destinado à prevenção contra o extremismo. Mas não estava identificado como sujeito de interesse pelo MI5. É filho de um antigo membro do Governo da Somália.

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Agentes da polícia à entrada de uma casa em Londres que as autoridades acreditam pertencer ao suspeito HENRY NICHOLLS/Reuters

O homem detido por suspeitas de matar à facada o deputado britânico David Amess foi identificado como Ali Harbi Ali e está detido ao abrigo da lei de terrorismo de 2000 (Terrorism Act). Segundo a BBC, o suspeito tinha sido indicado há uns anos para o programa Prevent, destinado à prevenção do extremismo.

David Amess, de 69 anos, representante de Southend West desde 1997 e um dos deputados mais antigos da Câmara dos Comuns, foi esfaqueado múltiplas vezes numa igreja em Leigh-on-Sea, no condado de Essex, no Sudeste de Inglaterra, durante um encontro com eleitores. Não resistiu aos ferimentos e acabou por morrer no local.

A polícia britânica considerou o assassínio do deputado como um “incidente de terrorismo” com “possível motivação ligada ao extremismo islâmico”.

O suspeito do homicídio tem 25 anos e foi identificado pela imprensa britânica como Ali Harbi Ali, britânico de origem somali, filho de Harbi Ali Kullane, antigo conselheiro do primeiro-ministro da Somália. Kullane disse à imprensa estar “traumatizado”​ com a notícia.

Ao abrigo da lei de terrorismo, Ali vai permanecer detido até 22 de Outubro. Enquanto isso, a investigação prossegue e no sábado a polícia realizou buscas em três casas em Londres. 

Segundo a BBC, o suspeito tinha sido indicado há uns anos para integrar o programa do Governo britânico Prevent, destinado à prevenção do extremismo. Contudo, nunca foi identificado formalmente como sujeito de interesse pelo MI5, os serviços secretos britânicos.

Calcula-se que Ali não tenha frequentado durante muito tempo o programa, cujo envolvimento é voluntário. A indicação dos indivíduos para o programa pode ser feita por professores, profissionais do serviço nacional de saúde e outras pessoas e cabe à polícia, trabalhadores sociais e outros especialistas decidir se e como podem intervir nas vidas desses indivíduos.

Priti Patel, ministra do Interior britânica, recusou comentar a identificação do suspeito e a sua indicação para frequentar o programa Prevent. Ainda assim, disse à Sky News que estava a decorrer uma revisão independente do programa.

Ao canal também falou das revisões que estão a ser feitas para “preencher as lacunas” relacionadas com os protocolos de segurança dos deputados e afirmou estarem a ser discutidas “medidas imediatas de protecção”.

Enumerando as “medidas práticas” que os deputados podiam já adoptar para reduzir o risco que enfrentam, Patel referiu a “marcação de encontros com antecedência, a confirmação dos detalhes das pessoas com quem se vão reunir, a confirmação com antecedência da localização” e “garantir que não se está sozinho”.

Mas medidas mais restritas também estão em cima da mesa, como incluir protecção policial para os deputados durante os encontros com os eleitores. A ministra recusou ainda descartar a opção de recorrer a protocolos de segurança semelhantes aos dos aeroportos nos gabinetes dos deputados nos seus distritos eleitorais.

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